Desde a sua renúncia, o Papa emérito tem mantido uma vida reservada no Mosteiro ‘Mater Eclesiae’, do Vaticano, sem aparições públicas desde julho de 2016
Fonte: Agência Ecclesia
O Papa Emérito Bento XVI assinalou ontem o seu 93.º aniversário, num momento de isolamento social por causa da pandemia de Covid-19, tornando-se o terceiro pontífice a atingir essa idade, nos últimos 800 anos.
Em declarações ao portal de notícias do Vaticano, o secretário particular do Papa emérito, D. Georg Gaenswein, refere que Bento XVI tem recebido vários telefonemas e mensagens de felicitações, acompanhando as notícias sobre a pandemia, em oração por todos os que sofrem com ela.
“Ficou particularmente impressionado com os muitos sacerdotes, médicos e enfermeiros que morreram, em particular no norte da Itália, ao realizar o seu próprio serviço de assistência aos doentes do coronavírus”, disse o arcebispo Gaenswein.
Iniciado com a Missa na capela do mosteiro – uma celebração mais solene do que o habitual –, o dia no Mater Ecclesiae em vários momentos de oração e leituras, bem como cantos típicos da Baviera (sul da Alemanha). Esta manhã, Bento XVI recebeu a sua nova biografia escrita, pelo jornalista alemão Peter Seewald, que será publicada a 4 de maio.
Joseph Ratzinger nasceu em Marktl am Inn (Alemanha), no dia 16 de abril de 1927, um Sábado Santo, e passou a sua infância e adolescência em Traunstein, uma pequena localidade perto da Áustria. Nos últimos meses da II Guerra Mundial (1939-1945), foi arrolado nos serviços auxiliares antiaéreos pelo regime nazi. Juntamente com o seu irmão Georg, foi ordenado padre a 29 de junho de 1951; dois anos depois, doutorou-se em teologia com a tese ‘Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho’.
De 1962 a 1965, participou no Concílio Vaticano II como ‘perito’, após ter chegado a Roma como consultor teológico do cardeal Joseph Frings, arcebispo de Colónia. Em 25 de março de 1977, o Papa Paulo VI nomeou-o arcebispo de Munique e Frisinga; a 28 de maio seguinte, recebeu a sagração episcopal e escolheu como lema episcopal ‘Colaborador da verdade’. O mesmo Paulo VI criou-o cardeal, no consistório de 27 de junho de 1977.
Em 1978, participou no Conclave, celebrado de 25 a 26 de agosto, que elegeu João Paulo I; este nomeou-o seu enviado especial ao III Congresso Mariológico Internacional que teve lugar em Guaiaquil (Equador) de 16 a 24 de setembro; no mês de outubro desse mesmo ano, participou também no Conclave que elegeu João Paulo II.
O Papa polaco nomeou o cardeal Ratzinger como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional, em 25 de novembro de 1981.
No dia 19 de abril de 2005 foi eleito como o 265.º Papa, sucedendo a João Paulo II; a 11 de fevereiro de 2013, Dia Mundial do Doente e memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, anunciou a renúncia ao pontificado, com efeitos a partir do dia 28 do mesmo mês, uma decisão inédita em quase 600 anos de história na Igreja Católica.
Bento XVI realizou 24 viagens ao estrangeiro. No total, as viagens pontifícias tiveram como destino prioritário a Europa (16), seguindo-se a América (3), o Médio Oriente (2), a África (2) e a Oceânia (1); a estas somam-se 30 visitas em solo italiano.
Bento XVI assinou três encíclicas: ‘Deus caritas est’ (Deus é amor), ‘Spe salvi’ (Salvos na esperança) e ‘Caritas in Veritate’ (A caridade na verdade); também presidiu a três Jornadas Mundiais da Juventude (Colónia, Sidney e Madrid), para além de ter convocado cinco Sínodos dos Bispos, um Ano Paulino, um Ano Sacerdotal e um Ano da Fé.
Em 2012, encerrou a sua trilogia sobre ‘Jesus de Nazaré’ com um livro sobre a infância de Cristo, dois anos após a publicação do livro-entrevista ‘Luz do Mundo’, resultante de uma conversa com o jornalista alemão Peter Seewald.
No pontificado de Bento XVI foram canonizados 44 santos em 10 cerimónias, incluindo o português Nuno de Santa Maria, D. Nuno Álvares Pereira, a 26 de abril de 2009; Portugal conta também com duas novas beatas: Rita Amada de Jesus (beatificada a 28 de maio de 2006, em Viseu) e a Madre Maria Clara (21 de maio de 2011, Lisboa)
Desde a sua renúncia, o Papa emérito tem mantido uma vida reservada no Mosteiro ‘Mater Eclesiae’, do Vaticano, sem aparições públicas desde julho de 2016.