Mt 14, 13-21
“Não precisam de se ir embora; dai-lhes vós de comer”
É noite e os apóstolos dizem a Jesus: “Manda embora toda esta gente, para que vá às aldeias comprar alimento”. Mas Jesus os desafia: “dai-lhes vós de comer”.
O Senhor tem compaixão da multidão, de mim, de ti, de nós: Ele sabe o que precisamos. Ele não está distraído, nem fica nas nuvens. “O Senhor é clemente e compassivo, paciente e cheio de bondade” (Sl 145,8).
Ele envolve, portanto, os Doze nesta tarefa impossível para 5.000 pessoas, convicto porém que a fé não teme os obstáculos: colabora com Deus para além do bom senso humano.
A fé, então, não mora nas sacristias, nem existe apenas para preparar as almas para o Céu. A propósito, diz o Papa Francisco: “Deus deseja a felicidade dos seus filhos também nesta terra, embora estejam chamados à plenitude eterna” (Evangelii Gaudium, n. 182).
O milagre é narrado como uma multiplicação de mãos abertas, uma passagem do pão de mão em mão: dos discípulos a Jesus, d’Ele aos Doze, deles à multidão.
Caríssimos, a solidariedade consiste em abrir as nossas mãos. Seja qual for o presente que tenhamos conosco, não o detenhamos. Imitemos a semente que se abre, a nuvem que dá a chuva refrescante.
Não questionemos, como Moisés, “porque me destes o encargo de todo este povo?” (Num 11,11). Não! Deus, precisa de alguém para disponibilizar o “pouco” que tem. O “pouco”que temos e o que somos (vida, tempo, qualidade, bens, sofrimentos) colocamos à disposição d’Ele, para que faça o milagre de comunhão e de festa.
O primeiro milagre na nossa vida cristã é perceber que o outro existe e sentir compaixão por ele: façamos o bem sem segundas intenções, saciando sobretudo a fome do próximo.
Há um segundo milagre: o pão partilhado é transformado de alimento para o corpo na Eucaristia. Ou seja, Deus se despedaça e nos alimenta para sempre. É a Santa Missa.
Jesus dá o seu corpo e a sua vida: manjedoura, estradas, lago, rostos, cruz, túmulo vazio e a vida volta a florescer. Seu sangue também corre e entra em nossas veias. É a vida eterna.
Boa meditação e bom início da Semana, caríssimos. JB