Jo 12, 24-26
“Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto”.
Meditando sobre esta passagem de hoje, festa de São Lourenço, parece que Jesus quer fazer compreender aos discípulos o mistério e o sentido da vida, observando como se comporta um grão de trigo quando é semeado.
E o Senhor diz: “se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto”. A finalidade para a qual converge a frase é “produzir”: o grão produz muito fruto, morrendo.
Jesus é, mais do que nunca, Aquele que encara a morte, não como algo ao qual se submete de forma pacata, mas como um momento culminante do seu desejo de dar a vida, e a doa como um dom do amor infinitamente precioso.
A ênfase, por isso, não está na morte, mas na vida. A vida do discípulo, glória de Deus (cf. Santo Irineu, Contra Heresias, Liv. IV, 20, 5-7), depende da fecundidade. Depois da auto-doação, é uma nova vida que vem a luz e floresce.
Na verdade, uma vida é verdadeiramente vida quando se doa; uma vida que não se doa e se fecha sobre si mesma é estéril: sempre! Portanto, trata-se de uma gestação misteriosa, tudo na lógica da vida pascal, onde a Ressurreição é a meta, depois da passagem pela paixão e morte.
Assim como o Mestre fez, o discípulo se comportará em conformidade – basta pensar no martírio de S. Lourenço. Alguém se torna cristão pela morte e regeneração (batismo). Por isso, cada um de nós, como cristão, é fruto da cruz de Jesus.
E disto, S. Lourenço, como diz S. Paulo, “semeia abundantemente também colherá abundante” (2Cor 9,6). O que S. Agostinho, depois, acrescentou: “Assim compreendeu São Lourenço; assim o compreendeu e realizou…, isso mesmo se ofereceu. Amou a Cristo na sua vida, imitou‑O na sua morte” (Sermão 304, 1-4).
Que o diácono S. Lourenço nos ajude a fazer da nossa vida um dom de amor, um canal através do qual Deus possa chegar aos nossos irmãos: aqueles que não crêem; aqueles que falam tanto do amor, mas que na realidade não são tolerantes para com as posições diferentes do próximo; aqueles que perseguem a Igreja de Deus neste mundo; aqueles que são indiferentes à sua Palavra.
Boa meditação, caríssimos. JB