Santa Clara, Virgem (séc. XIII)
Mt 18, 15-20
“Se ele te escutar, terás ganho o teu irmão”
Depois de pedir aos seus discípulos que se tornassem crianças (cf. Mt 18,3-4), isto é, a partir da sua fragilidade e pequenez, reconhecer a grandeza do Amor de Deus, hoje o Senhor os convida à correção fraterna no seio da comunidade cristã.
Os historiadores bíblicos nos dizem que, com toda probabilidade, Mateus está descrevendo a prática usada nas comunidades primitivas em relação a um discípulo que tenha cometido um pecado público. E essa prática se expressa em três graus: colóquio amigável face a face, em privado; se o outro não escutar, dois outros irmãos intervirão como testemunhas; e se não for encontrada uma solução, a comunidade terá que intervir e assumir a responsabilidade de forma oficial.
É um mecanismo de atenção afetiva e efetiva para com os que erram, sem humilhá-los, mas aumentando gradativamente a força de persuasão.
Quão diferente é o método que encontramos hoje nas nossas comunidades! Na maioria dos casos, mais do que se preocupar amigavelmente, se procura destruir o próximo; até na igreja, onde se poderia conhecer melhor o irmão e desejar o seu bem.
Então, se alguém cometer um erro, quem se importaria de o ajudar? Nós preferimos fofocas, até fingimos que nada esteja acontecendo … abandonando o próximo a sua sorte …
Caríssimos, “em Cristo, Deus reconcilia o mundo consigo e confiou-nos a palavra da reconciliação” (2Cor 5, 19). A Igreja é uma comunidade em que os irmãos são responsáveis pela fé dos seus irmãos e, discordando-me de Caim, guardas uns dos outros (cf. Gn 4,9).
Pois a mesma comunidade, mais que dos esforços humanos, que podem terminar em fracasso, depende do “Pai que está nos céus”: é o Pastor que vai a busca da ovelha perdida; é Ele quem, “onde dois ou três estão reunidos em seu nome, aí está entre eles”; então é Ele, o Pai, quem tudo o que pedirmos, ser-nos-á concedido.
Escutando, portanto, o que o Senhor disse, mesmo que o irmão se recuse a nos escutar, como fez a primeira comunidade cristã, ainda temos um dever a cumprir, isto é, rezar por ele, entregá-lo nas mãos do Pai.
Saibais disto, caríssimos: onde os homens falham, Deus, para quem nada é impossível (cf. Lc 1,37), sempre consegue. Portanto, queridos amigos, talvez seja oportuno voltar a aprender o “ABC” da fé com as primeiras comunidades cristãs.
Boa reflexão, caríssimos. JB