S. Pio X, Papa (séc. XIX-XX)
Mt 23, 1-12
“…eles dizem e não fazem. Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens”
A Palavra de Deus hoje questiona a todos nós: ninguém pode ser considerado isento desta incoerência entre dizer e fazer.
O Evangelho é um projeto muito exigente e inatingível? É um desafio, um convite quase impossível? Certo que sim. No entanto, Jesus, Filho de Deus, está bem ciente da nossa fraqueza humana quanto a dificuldade de concretizá-lo nas nossas vidas.
Não é em vão que em função disto, com os pecadores arrependidos, Ele se comporta como o oleiro: se o vaso for imperfeito, Ele não o deita fora, mas o coloca de volta na roda até moldar (a paciência materna divina!). Daí que Ele se torna compreensível para com a fragilidade dos “pequeninos”.
A doença da exterioridade se esconde nos corações e mentes dos escribas e fariseus. Jesus reconhece a autoridade destes – “fazei e observai tudo quanto vos disserem” -, mas não pode suportar a sua hipocrisia – “eles dizem e não fazem”.
Ele não os tolera, pois, estes elaboram leis severas para os outros, e nem sequer lhes vem na mente a intenção de as observar. A hipocrisia é tal que nem sequer tentam viver o Evangelho, porém, querem se parecer justos: “não sou como os outros, ladrões, desonestos, adúlteros…” (Lc 18, 11), acrescentaria, “já estou salvo”, “os outros são demônios”, etc.
Além da hipocrisia, Jesus não tolera a vaidade (“fazem é para serem vistos pelos homens”), e nem mesmo a busca contínua do poder (“gostam do primeiro lugar…, primeiros assentos…, das saudações nas praças públicas e que os tratem por ‘Mestres’”).
Mesmo que seja “um só o vosso doutor, o Messias”, o Servo é a definição mais bela e surpreendente que Jesus dá de si mesmo: “estou no meio de vós como aquele que serve” (Lc 22,27). Jesus, portanto, faz uma reviravolta na ideia de grandeza e diz: o homem é tão grande quanto o seu coração. O poder, na sua lógica, é servir, e este é amar, do qual o mundo tem sede.
Servir deveria ser o novo nome das nossas relações com o próximo. Eis aqui a clareza do ensinamento final: “… o maior entre vós será o vosso servo. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado”. Portanto, o servo será exaltado.
Madre Teresa de Calcutá costumava dizer: “Eu sou apenas um lápis nas mãos de Deus. É Ele que escreve”. E ela, na história, ficou exaltada. Que o Senhor, manso e humilde de coração, faça com que os nossos corações sejam iguais ao d’Ele.
Boa meditação, caríssimos. JB