Lc 6,1-5
“O Filho do Homem é Senhor também do sábado…”
Se ontem os fariseus e os escribas, a propósito do jejum, acusaram os discípulos de Jesus que comem e bebem (cfr. Lc 5,33), no Evangelho de hoje a mesma acusação se torna realidade.
Confrontados com as espigas de milho maduras branqueadas numa extensão rural, os discípulos provavelmente estavam com fome, e a única maneira de aplacar a mesma fome era escolherem algumas orelhas para se alimentar!
E os fariseus: “Por que fazeis o que não é permitido em dia de sábado?” O sábado é o dia de descanso e oração. As leis que regulam os ritmos desse dia, para os judeus, são meticulosas e prevêem, entre outras coisas, que nem mesmo seja possível prover alimentos.
Os fariseus, observadores obsessivos da Lei escrita e da tradição que se formou em torno dela, deduzem que Jesus não faz com que o dia de Deus seja observado com o devido escrúpulo. Por isso, Ele não pode ser reconhecido com autoridade de mestre.
Mas “o Filho do Homem é Senhor também do sábado”, da Escritura, que conhece cuidadosamente, mesmo nas sutilezas e nuances que sabe interpretar; da história de Israel, tirando do passado uma lição útil para o presente; e do bom senso, que respeitando a lei na sua essência, não se deixa dominar pelo legalismo.
A lei de Deus é a expressão do que Ele deseja: um desejo sempre dirigido ao bem do homem, infinitamente amado por Ele. Precisamente por isso a lei é sempre para o homem e nunca este para a lei! Não foi em vão que o próprio Rei Davi não a observou quando, faminto, se viu consumindo o pão que estava no templo, pão sagrado ao ponto que apenas os sacerdotes o poderiam tocar (1Sm 21,6-7).
Assim Jesus quebra a hierarquia de valores, permitindo-nos compreender a sua verdadeira identidade messiânica. Sim, Ele foi, é e será maior do que o sábado e a lei relacionada ao mesmo. Ele é o Senhor não apenas do sábado, mas de todo o universo.
Portanto, disto, os fariseus, como muitos de nós, se discordam. Porém, se a cegueira dos olhos é feia, a do espírito é muito pior. Os puros de coração ‘vêem‘ a presença de Deus; os cegos da alma também negam a evidência para se apegar ao seu miserável orgulho. Que o Senhor tenha piedade de nós.
Boa meditação, caríssimos. JB