Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

23ª Semana – Sexta-feira – T.C.

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Lc 6, 39-42

“… pode um cego guiar um outro cego?

 

Esta parábola do cego segue imediatamente o “ápice” do ensinamento de Jesus no Sermão da Montanha: “Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados” (Lc 6,36-37). Trata-se, portanto, de compreender que a cegueira consiste não só em não viver esses preceitos do amor, mas também em não reconhecer o seu não cumprimento.

É o exemplo clássico de quem não conhece a si mesmo, nem a Deus, porque, como homem, está repleto de fragilidade. Com frequência, são as pessoas presunçosas que se arrogam ser mestres.

Pode um cego guiar um outro cego?que acontece se um cego guiar um outro cego? “Cairão os dois no buraco”, e ambos correrão o risco de perder a vida: um por ambição, o outro por inconsciência.

Ademais, os maus mestres, muitas vezes, são juízes impiedosos para com os outros e bondosos para consigo mesmos;  eles olham para o cisco no olho do próximo e não se apercebem que têm uma trave no próprio olho.

Caríssimos, primeiro precisamos trabalhar nos nossos próprios traves.  E então, talvez, seremos capazes de ajudar o outro, porém, se e só se este aceitar a tal ajuda sem impor condições.

E se a condenação do pecado é justa, aquele que a comete não deve ser julgado nem condenado. Até porque, se nós nos conhecêssemos a nós mesmos, evitaríamos de julgar e condenar os outros.

É necessário que o juízo seja feito sobre o mal e não sobre quem o tenha feito, pois este já é a primeira vítima do mal.  Em vez disso, ele precisa de ser iluminado, ajudado e curado.

Reparai bem, caríssimos: se eu ‘não absolvo‘ o outro, continuo sendo escravo do meu juízo, rejeitando a ideia da misericórdia de Deus e, por isso, me condeno.

Pois, a propósito, Cardeal Carlos Maria Martini (1927-2012), biblista e considerado um dos mais progressistas cardeias da história da Igreja, dizia: “quando a força de Deus é rejeitada ou negligenciada por nós, oscilamos entre duas posições: um pouco no sentido de compreensão benevolente de tudo e um pouco no sentido moralista-deplorativo. Muitas vezes nos falta o olhar que sabe ver o mal do homem, mas com misericórdia”.

Portanto, com certeza, Deus verdadeiro já nos tinha admoestado: “Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36).

Boa meditação e bom fim da Semana, caríssimos. JB