Lc 6, 43-49
“Porque Me chamais ‘Senhor! Senhor!’, mas não fazeis o que vos digo?”.
Hoje, o Senhor, com esta expressão, quer nos alertar que não é suficiente a Santa Missa dominical, nem invocar o seu Nome de manhã e à noite. São apenas o ponto de partida de uma relação de amor que requer de nós muita coerência.
Pois, na vida de cada cristão é plantada uma árvore cuja primeira lei é a fecundidade; uma árvore que não deveria produzir frutos que não prestam, mas sim bons e nutritivos.
É a mesma regra que inspira também a vida moral: uma ética da fecundidade criativa da Palavra de Deus que cura e consola.
Saibais que no juízo final, o drama não será as mãos ligeiramente sujas, pois estas tentaram, mas sim, as mãos vazias, as mãos do indiferente, exato contrário de quem ama (cf. S. Teresa de Calcutá), mãos sem bons frutos cultivados e oferecidos à fome de outrem.
As árvores frutíferas nos mostram a urgência de não vivermos somente para connosco mesmos, mas sim, para com o próximo, os outros. Fomos criados para estar com os outros… Cada um alimenta os outros e, por sua vez, é alimentado por eles.
As leis profundas que regem as plantas são as mesmas que regem a vida espiritual: isto é, crescer e florescer, dar fruto e doar-se totalmente – “o homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem”.
Devemos ter cuidado para não enganarmos a nós mesmos e os outros, contando mentiras: se a árvore da nossa fé estiver cheia de folhas, se não der fruto, é inútil. Ademais, o Senhor disse e bem, “o homem mau, da sua maldade tira o mal; pois a boca fala do que transborda do coração”.
Se a fé permanece sempre e apenas na superfície, se não afeta ou contagia, mesmo se dolorosamente, as coisas que fazemos e dizemos, é pura verbosidade estéril – como se diz no crioulo são-tomense – “flá tán”. A confirmação disto é o que Senhor perguntou: “Porque Me chamais ‘Senhor! Senhor!’, mas não fazeis o que vos digo?”
Caríssimos, procuremos construir a casa sobre a rocha e não sobre a areia, pois, será menos difícil se converter do que fingir ser convertido.
A propósito, Irmão Roger de Taizé (1915 —2005) dizia: “Deus permite que sigamos levando, no fundo da alma, uma centelha de bondade que só pede para se tornar uma chama”. Então, caríssimo, onde quer que tu estives, faça esta mesma centelha se tornar uma chama de amor.
Boa meditação, caríssimos. JB