S. Cornélio, Papa, e S. Cipriano, Bispo, Mártires (séc. III)
Lc 7, 36-50
“São-lhe perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou…”
Hoje, o evangelista Lucas nos apresenta um dos grandes testemunhos da eficácia da Palavra de Jesus: a mulher pecadora. Esta, em relação à Lei, é para todos a pecadora. Mas não para Jesus, para quem se apresenta com o que tem: perfume e lágrimas.
O fariseu moralista, sabendo quem é a mulher, se apega ao seu passado, exigindo que seja necessário primeiro oferecer sacrifícios a Deus. Pois, não aprenderam o que significa “misericórdia eu quero, não sacrifícios” (Mt 9,13). E Jesus, daquela mulher, vê o amor de hoje e de amanhã, o seu futuro, a nova oportunidade, portanto, a nova vida – “são-lhe perdoados os seus muitos pecados”.
Com Jesus se relega o círculo de morte e vem escolhido o de vida: o amor. Ademais, o ponto decisivo para Ele não é quem é mais justo perante a Lei, pois a balança de Deus não pesa os pecados, mas o amor. A alternativa está entre não amar e amar. E ela “muito amou” e, portanto, “são-lhe perdoados os seus muitos pecados”. E a última palavra que soa é: “a tua fé te salvou. Vai em paz”.
Jesus fala da fé a uma mulher pecadora. Os fariseus ficam surpresos, e diriam nos seus corações: “como ela – a prostituta – pode se tornar uma mestra de fé? O que sabe sobre a fé?” Pois, os seus gestos, tão bem descritos por Jesus a Simão – “banhou-Me os pés com as lágrimas e enxugou-os com os cabelos … não cessou de beijar-Me os pés … ungiu-Me os pés com perfume”- são a expressão da sua fé no perdão que Jesus anuncia e oferece, a resposta delicada e profunda do amor que aceita ser amado.
O justo fariseu, como muitos de nós, deve se arrepender. O encontro com Jesus deixa o justo, assim como o pecador, vulnerável e nu. O seu “eu”, despojado das suas certezas e das suas máscaras, mas também dos seus pecados e medos, pode agora escolher e acolher o convite de Jesus para entrar no espaço aberto da relação com Deus e com próximo.
E sobre isso, disse São Gregório Magno: “Sempre que vemos os pecados dos outros, devemos primeiro chorar por nós mesmos, porque talvez já temos caído nos mesmos pecados, ou podemos cair neles. Se odiarmos a nossa maldade, isso já nos dá uma pureza interior. O Senhor nos abraça no nosso regresso, porque para Ele a vida do pecador não pode ser indigna, se for lavada com choro…”.
Que Senhor nos dê concretude ao nosso amor por Ele, e que venerando as suas imagens, não nos esqueçamos de não julgar e pisotear com facilidade os seus membros, quais nossos irmãos e irmãs, que encontramos ao longo do caminho da vida.
Bom dia e boa meditação, caríssimos, JB