Melba Ceita – Rádio jubilar, São Tomé
Na altura em que se inicia na Igreja Católica o tempo da Quaresma, culturalmente São Tomé e Príncipe comemora o dia nacional do bocado o dia em que todos os santomenses se reúnem em torno da matriarca/patriarca (a/o mais velha/o) da casa para um encontro familiar, comparativamente ao que noutros países se faz no natal.
O dia do bocado foi introduzido na cultura santomense desde a era colonial, e mais de 548 anos está data é comemorada nas Ilhas sempre na Quarta-feira de Cinzas, por isso, pode-se dizer que tem raízes cristãs.
Segundo Caustrino Alcantara, uns dos especialistas da cultura nacional, a designação “bocado” vem do ritual que é feito na hora do almoço: surge no momento em que a matriarca retira um pouco da comida confeccionada e colocada directamente na boca com uma colher, começando pelo mais velho e terminando no mais novo da família.
Depois deste ritual prossegue a festa com vários manjares. Neste dia é confeccionado em todas as famílias santomenses o pratos típicos, especialmente o cálu com amgu. Também temos o Izaquente de azeite de palma e o “arroz doce” (a base de milho)
Para o Bispo da Diocese de São Tomé e Príncipe Dom Manuel António do Santos, embora a comemoração deste dia esteja em desacordo com a Igreja, no que toca ao apelo a jejum e abstinência, este rito tem o aspecto positivo, pelo facto da comemoração do bocado ser um encontro de partilha, de comunhão, de certo modo uma espécie de Eucaristia familiar com grande significado e conteúdo religioso e deve ter um grande apoio da Igreja desde que contribua verdadeiramente para aprofundamento e união do laço familiar na sociedade santomense.
Este rito contribui muito para o reconhecimento do valor e o respeito aos mais velhos.
Acompanhe aqui o audio da reportagem emitida pela Vatican News