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A súplica do Papa Francisco: Senhor, não nos deixes à mercê da tempestade

Com o cenário inédito da Praça São Pedro vazia com o Papa Francisco diante da Basílica Vaticana, o Pontífice afirmou que é "diante do sofrimento que se mede o verdadeiro desenvolvimento dos povos”. Francisco falou ainda da ilusão de pensar "que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente".

 

Rui Jorge Martins | SNPC

A força de Deus está em «fazer resultar em bem tudo o que nos acontece», Ele «serena as nossas tempestades» e «dá significado a estas horas quando tudo parece desmoronar»: o papa escolheu a passagem do Evangelho em que Jesus salva os apóstolos da tempestade no mar (Marcos 4,35-41) na meditação proferida na oração pelo fim da pandemia, que começou diante da Praça de S. Pedro, vazia.

Francisco recordou as «entregas corajosas e generosas» de pessoas «comuns, habitualmente esquecidas, que não aparecem nas manchetes de jornais e revistas», mas que hoje «escrevem os acontecimentos decisivos» da história, sujeitando-se ao risco de serem contagiadas, desde os agentes de saúde às forças de segurança, passando pelos colaboradores dos supermercados, motoristas, sacerdotes, religiosos, voluntários, e «muitos que compreenderam que ninguém se salva sozinho».

«Na nossa avidez de lucro, deixamo-nos absorver pelas coisas e transtornar pela pressa. Não nos detivemos perante os teus apelos, não despertamos face a guerras e injustiças planetárias, não ouvimos o grito dos pobres e do nosso planeta gravemente enfermo. Avançámos, destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente. Agora, sentindo-nos em mar agitado, imploramos-te: “Acorda, Senhor!“», afirmou.

«A oração e o serviço silencioso são as nossas armas vencedoras», frisou o papa, que depois desafiou: «Convidemos Jesus a subir para a barca da nossa vida», porque «com Ele a bordo» comprovar-se-á «que não há naufrágio». Com Deus, frisou, «a vida não morre jamais».

A tempestade atual é uma oportunidade para fazer «despertar a solidariedade e a esperança», permitindo «novas formas de hospitalidade» e «fraternidade».

A metáfora náutica, com a qual a Igreja se identificou desde o cristianismo das origens, prosseguiu nas palavras do papa: «Temos uma âncora: na sua cruz fomos salvos. Temos um leme: na sua cruz, fomos resgatados».

«Deste lugar que atesta a fé rochosa de Pedro, gostaria, nesta tarde, de confiar todos ao Senhor, pela intercessão de Nossa Senhora, saúde do seu povo, estrela do mar em tempestade. Desta colunata que abraça Roma e o mundo, desça sobre vós, como um abraço consolador, a bênção de Deus», declarou.