Jo 4, 43-54
“… se não virdes sinais e prodígios, não acreditareis”.
Jesus voltou novamente a Caná da Galileia e realizou outro milagre. Depois de ter convertido água em vinho para os recém-casados, o novo desafio é um menino moribundo. E Deus, o Senhor da vida, está lá.
A narração: um pai tem um filho gravemente doente. Ele caminha mais de 20 km a pé para subir de Cafarnaum, no lago da Galiléia, a Caná onde Jesus se encontra.
Ele é um funcionário real potente e rico, a serviço do rei Herodes Antipas, mas impotente diante da dor inocente de uma criança. Ele está confuso e triste, mas corre confiante aos pés de Jesus. E Deus, o Senhor da vida, está lá.
Ele não desiste da primeira resposta abrupta de Jesus: “se não virdes sinais e prodígios, não acreditareis”. É verdade que muitas vezes só recorremos a Deus para usufruirmos dos seus favores, mas aquele pai não desiste, não vai embora. Ademais, o que não faria um pai para o bem do seu filho? …
Caríssimos, vos digo, a palavra-chave e determinante da história é: “acreditareis” em Jesus. O milagre começa por cimentar a fé daquele funcionário real como pai; e a recuperação do filho será a consequência: “nunca mais se hão-de ouvir vozes de pranto nem gritos de angústia; já não haverá ali uma criança que viva só alguns dias” (Is 65,19-20).
“Vai, que o teu filho vive”. Estas palavras de Jesus foram suficientes para ele. Ele foi para casa mesmo que Jesus não o tivesse seguido. Ele regressou com fé e confiança, se colocou nas mãos de Jesus; sabe que Ele, omnipotente, vai curar à distância.
Pois, irmãos e irmãs: como aquele homem, também nós somos chamados a acreditar numa promessa impossível de Jesus: “… o teu filho vive”, e a partirmos, da sua presença, convictos e confiantes da sua Palavra. Até porque, se Jesus vê a nossa fé e a nossa confiança n’Ele e na sua Palavra, Ele também faz milagres na nossa vida (ademais, a própria vida já é um milagre!).
Façamos como o nosso pai na fé, Abraão. Qual terra? Quando ele morrer, ele terá o espaço de uma tumba, para Sarah e para si. No entanto, a sua fé fará florescer, depois dele, a “terra prometida”.
Mas a nossa vacila, muitas vezes ela é a de São Tomé, “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos, se eu não puser a mão no seu lado, não acreditarei” (Jo 20,25), portanto, queremos ver pra crer.
Pois é, “bem-aventurados os que não viram, e creram!”(Jo 20,29). Façamos nossa esta oração do Cardeal Newman, recentemente canonizado (13.10.19): “aumentai a minha fé, Senhor, ajudai-me a acreditar em Vós quando as sombras parecem prevalecer; ajudai-me a confiar na vossa Palavra e ensinai-me a deixar-me guiar docilmente por Vós, que sois o Amor sem fim…”.
Boa meditação, caríssimos. E unidos na oração. JB