Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

4ª Semana – Terça-feira – Quaresma

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Jo 5, 1-16

“Jesus perguntou ao paralítico: ‘queres ser curado?’”.

Ah, se ele gostaria! Ele está colado a uma maca há trinta e oito anos.  Como dizer ‘não’ diante dessa oportunidade única que não acontece com todos e todos os dias? Seria então uma pergunta que quase soa como provocação para aquele homem forçado a ficar parado por tanto tempo.

Mas Jesus insiste.  E se Ele faz isso, há uma razão – Deus sempre dá o primeiro passo em direção ao homem.  E este é, antes de tudo, um enfermo “crônico”, e nele a esperança do futuro é quase extinta.  E sem objetivos concretos, até o presente perdeu sentido.  Sozinho e com suas limitações e fraquezas pessoais, ele nunca será capaz de sair dessa.

E isso é mais sério do que sua própria deficiência física. Se na samaritana Jesus desperta a sede de água viva (cf. Jo 4, 5-42), neste paralítico desperta o sonho de uma vida digna a que parece ter renunciado – “enfermo havia trinta e oito anos …, não tinha ninguém que o introduza na piscina … “.

Todavia, “aonde esta água chegar, tornar-se-ão sãs as outras águas e haverá vida” (Ez 47,9), e eis aqui a Palavra: “levanta-te, pega a tua enxerga e anda”.  Instantaneamente aquele homem foi curado, mas com a recomendação de não pecar novamente, para que coisas piores não lhe acontecessem.

Também acontece de forma semelhante em termos espirituais, quando nos resignamos ao pecado.  Assim, a vontade de purificação e a alegria desaparecem.

Caríssimos, Jesus quer nos curar profundamente.  E Ele faz isso apenas se houver em nós uma firme vontade de ressurreição, e se criamos em nós disposição  para o tal novamente.

É fácil ver o mal dos outros e querer eliminá-lo;  é mais difícil ver o nosso e querermos se livrar dele.  O mal alheio é julgado como deformidade, mas o próprio justificado como fragilidade.  Mas “queres ser curado? … Pega a tua enxerga e anda”, diz Jesus e repete a todos os discípulos nos caminhos pedregosos e pecaminosos da vida.

A este respeito, disse Santo Agostinho: “Pega, pois, a tua enxerga. E quando a tiveres pegado, não pares, anda! Amando o teu próximo e interessando-te por ele, andarás … Traga aquele com quem caminha, para chegar a Aquele com quem deseja estar para sempre. Pegue, portanto, a tua enxerga e ande” (Comentário ao Evangelho de São João, homilia 17).

O tempo da Quaresma é o momento propício para um sério exame de consciência e para uma conversão verdadeira, sincera e duradoura.  Jesus nos oferece reconciliação com o Pai e cura.  Portanto, cada um de nós, escutando o Evangelho de hoje, deve encontrar a sua tarefa na Palavra de Jesus: “Levanta-te e anda, não voltes a pecar”.

Que o Senhor nos ajude a nos dirigir para Ele, conscientes das nossas limitações e da impossibilidade de sozinhos sairmos das nossas misérias humanas!

Boa meditação, caríssimos. JB