Jo 5, 31-47
“… nunca escutastes a sua voz, nem vistes a sua figura … porque não acreditais n’Aquele que Ele enviou”.
Como é difícil acreditar se o nosso olhar permanece turvo! Como é difícil levar a sério a mensagem e o testemunho d’Aquele que o Pai enviou, se não tivermos a fé em nós!
O povo da antiga aliança, no deserto, desconfiando-se de Deus invisível, criou para si um bezerro de ouro – “Aí tens, Israel, o teu deus que te fez sair do Egito!” (Ex 32,4) -, portanto, a divindade visível e palpável feita sob a medida para eles, não precisando assim da fé para compreender.
Por outro lado, na nova aliança, Deus enviou o seu Filho “entre os seus, mas os seus não O acolheram” (Jo 1,11), eles não acreditaram n’Aquele que Deus enviou. Por isso, quão difícil é a complexidade do homem diante da fé!
Caríssimos, o evangelho exige que acreditemos em Jesus Cristo. O fundamento da nossa fé é o testemunho do Antigo e do Novo Testamento, qual testemunho da verdade que não pode ser entendida ou provada cientificamente, nem mesmo codificada na lei.
Os judeus da época de Jesus tinham o Antigo Testamento, mas não entendiam as palavras de Moisés sobre Jesus, o rosto do Deus invisível. Eles tinham diante dos olhos seus milagres, mas estes podem ser interpretados de muitas maneiras quando não se tem fé. É preciso acreditar para compreender, como já dizia Anselmo de Aosta, inspirando-se em S. Agostinho: “credo ut intelligam”.
Jesus queria convencê-los para lhes dar vida – “digo-vos isto para que sejais salvos”. Na verdade, muitos acreditaram n’Ele, mas os fariseus, escribas e anciãos do povo O rejeitaram – “não quereis vir a Mim para encontrar essa vida” -, eles não o escutaram. Pois é, como diz o ditado popular, “não há pior surdo do que aquele que não quer ouvir “, aqueles que persistem nas suas próprias e pequenas convicções.
Que não aconteça também a nós que estamos ao serviço de Deus, muitas vezes apegados ás nossas “santas” e resolutas convicções, a ponto de não deixar a Deus a possibilidade de iluminar a nossa vida, de alargar os nossos horizontes.
A este respeito, o Papa Francisco na Vigília de Pentecostes de 18.05.13, dirigindo-se aos movimentos eclesiais, disse: “a comunicação da fé pode-se fazer unicamente através do testemunho; e este é o amor. Não com as nossas ideias, mas com o Evangelho vivido na própria existência, que o Espírito Santo faz viver no nosso íntimo”. Que o Senhor reavive a fé em nós, sustenha o nosso testemunho cristão e nos liberte da adesão ou inclinação a uma religiosidade ateísta e pagã.
Boa meditação, caríssimos. JB