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Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

Segunda-feira – Semana santa

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Jo 12, 1-11

“Deixa-a em paz: ela tinha guardado o perfume para o dia da minha sepultura…”.

Este relato da unção de Jesus em Betânia é um dos mais surpreendentes e delicados do Evangelho. O mesmo nos coloca na última semana da vida terrena do Senhor, uma espécie de “última ceia” com seus amigos íntimos de Betânia. E tem todo o sabor dos seus momentos de despedida.

Para realizar este acto único, irrepetível e profético, é precisamente Maria, a mulher que ama a escuta e o silêncio (cf. Lc 10,40). E o seu gesto espetacular, destituído de qualquer exibicionismo humano, nos manifesta toda a solenidade e importância da cena descrita: “tomou…, ungiu…, enxugou… e a casa encheu-se…”. Quatro verbos de uma ação sagrada realizada com as mãos e os cabelos, sem a necessidade de palavras supérfluas. O gesto fala por si.

No unguento derramado é a própria Maria que se derrama, que se entrega, que se expande como fragrante confissão de fé e de amor naquele que ela reconhece e chama “Senhor” (Jo 11,32). Somente um coração amoroso, inspirado, livre e feminino poderia realizar um ato tão gratuito e publicamente inconveniente.

E nisto, divergindo-se da estreiteza de Judas que queria poupar o amor, mesmo achando uma desculpa esfarrapada (vender o unguento para dar aos pobres), ela ama sem calcular, dando de todo o coração, porque a medida o amor é sem medida.

Falando nisso, Santa Teresinha de Lisieux, quanto ao devido amor no seio da Igreja, dizia: “não calculando amor, quero doar-me segura, pois quem bem ama já não calcula”. É, portanto, o amor que tudo dá sem contar e sem preço! Deus finalmente encontra nesta mulher o que sempre buscou com ardor: ser amado por aqueles que amam.

Além disso, os pés são a parte do corpo mais próxima do solo; portanto, abraçando os pés de Jesus que trilhou os caminhos da Palestina e os caminhos do coração para nos alcançar, é assim dizer: “Para onde fores, eu irei, e onde quer que passes a noite, pernoitarei contigo; sempre seguirei os teus passos … ”(cf. Rt 1,16).

E nós? Como podemos estar perto do Mestre nesta hora solene e terrível? Que sentimento queremos reservar para Ele? Como amá-Lo por quem não O ama? Como adorá-Lo para quem não O adora? Como agradecê-Lo para quem não O agradece? Pois, caríssimos, acompanhemos o Mestre. Não são necessárias coisas grandes, mas sim pequenas coisas acompanhadas de um grande amor.

Que Ele nos faça amar sem medida, parar aos seus pés como Maria numa oração silenciosa e adoradora e assim possamos derramar o perfume do amor aos fracos e necessitados.

Uma santa semana santa, caríssimos! JB