Scroll Top
Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

SEXTA-FEIRA – SEMANA SANTA

FF9DB718-B952-4B37-826B-35AE1C8CB189

PAIXÃO DO SENHOR

Is 52, 13 – 53, 12; Hb 4, 14-16; 5, 7-9; Jo 18, 1 – 19, 42

“… e, inclinando a cabeça, expirou”

Hoje a morte de Jesus permeia o universo. O memorial da sua paixão reúne todas as paixões, todos os sofrimentos, todas as dores do mundo e os leva à cruz. Um crucifixo para todos e em nome de todos os crucifixos.

Não é em vão que as nossas igrejas hoje estão nuas e sem adornos. Na verdade, Ele tinha dito, “dias virão em que o noivo lhes será tirado” (Mt 9,15). Eis aqui o dia, nenhuma Eucaristia é celebrada para comemorar o único sacrifício de Jesus pendurado na cruz que restabelece a unidade entre o céu e a terra.

Os sinos também estão silenciosos. Os únicos sinais são as lágrimas da Mãe triste e dos poucos amigos íntimos – “a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena…, e o discípulo predilecto” -, que ficaram para zelar por Jesus agonizante. Só eles.

A maioria das pessoas – entre os discípulos, os sacerdotes, o governador, os soldados para com o homem Jesus – tinha seus corações em outro lugar: alguns amaldiçoaram Jesus, outros simplesmente balançaram a cabeça. Muita pena, memória e zero gratidão. Não valeram as apologias do Pilatos.

Jesus exclamou: “tudo está consumado”. O ponto extremo e supremo da revelação do Amor foi alcançado. Ele morre, portanto, com plena consciência da injustiça de sua morte, porque escolheu não resistir a ela; ele queria escolher o “baixo” para alcançar o coração do homem e a única elevação que lhe foi concedida foi a da cruz.

Na cruz, Deus se entregou tudo, sem reservas e sem condições, quase se rendeu à maldade humana para vencê-la e derrotá-la. De facto, Ele pendurado na cruz, a pingar sangue, é o último e definitivo “sim” ao homem que só sabe dizer “não”. Mistério do Amor que nos deixa sem palavras. A cruz, portanto, nos recorda que Deus tomou sobre Si todo o sofrimento humano – “eram na verdade os nossos sofrimentos que ele carregava, eram as nossas dores”(Is 53,4) – e o redimiu por amor.

Jesus ama a vida, não busca a morte, mas a aceita como consequência do seu grande amor ao Pai e à humanidade. “Um amor que chama amor – escreve Paulo VI – ‘Amai-vos como Eu vos amo’”. Daí que também nós somos convidados a seguir Jesus, a elevar o nosso olhar a Ele, a expressar a nossa fé n’Ele, Salvador e Redentor.

No crucifixo morto e ressuscitado, encontramos uma resposta para a nossa dor e a nossa morte, que então se abrirão para a ressurreição. Como homens e como cristãos, é sim que passamos pela Sexta-Feira Santa, mas apenas para chegar à alegria do Domingo de Páscoa.

Que o Senhor faça com que nunca fiquemos indiferentes perante a sua cruz e a de tantas pessoas, que redescobramos o seu amor misericordioso e o manifestemos na nossa vida quotidiana. Que o nosso sofrimento seja sempre vivido no amor.

Boa meditação, caríssimos. JB