Act. 10, 34a, 37-43; Col. 3, 1-4; Jo 20, 1-9
“… levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram”.
Maria Madalena foi de manhãzinha ao sepulcro. Ainda escuro no céu, mas mais escuro em seu coração. Assim que ela chega ao túmulo, vê que a pedra colocada na entrada, pesada como a morte, foi retirada. Ela correu imediatamente para Pedro e João, e disse-lhes: “levaram o Senhor do sepulcro!” Não diz: “Jesus ressuscitou”, mas apenas acrescenta com tristeza: “não sabemos onde O puseram”.
A esperança de Maria parece completamente perdida, engolida por nada. Parece a vitória completa do mal. Ela chora e repete “Jesus, Jesus”. Quanto amor sem fim nesse nome. Na verdade, “amar é dizer: tu não morrerás” (Gabriel Marcel). E, desesperada, rebela-se contra a morte de Jesus na cruz, não se resigna a esse fim, à ausência do Mestre. É o desespero de tantas mulheres que não conseguem nem chorar pelo corpo do seu marido, do seu pai, do seu irmão, do seu filho: “levaram o Senhor do sepulcro!”.
E é Maria quem fez mover Pedro e o “outro discípulo que Jesus amava”. Eles também “correm” imediatamente para o sepulcro vazio. Eles entendem que algo maravilhoso e surpreendente aconteceu: no final de suas dúvidas, eles entendem que só com fé podem entender – “credo ut intelligam” (Anselmo di Aosta) -, a boa nova de que Cristo ressuscitou, como as Sagradas Escrituras profetizaram.
Caríssimos, tudo muda com a ressurreição. O coração começa a disparar, os sentimentos ganham força. Nós também podemos começar a correr novamente! Podemos ir ao encontro do outro novamente. A vida não acabou! O Covid não nos pode parar. A esperança não pertence ao passado!
Mesmo que a felicidade da Páscoa não aconteça sem a dor da cruz, ela é a vitória sobre essa mesma dor. A felicidade não é uma vida sem lágrimas, mas são as lágrimas enxugadas pelo amor! Por isso a Páscoa também tem pressa: o amor tem pressa para chegar ao amado. João, o discípulo do amor, chega primeiro ao túmulo, mas Pedro entra e depois ele que: “viu e acreditou”.
Uma tumba vazia era suficiente para que tudo fosse resolvido? Acho que não foi tão fácil. Mesmo no momento de sofrimentos mais difíceis, João permanece perto de seu mestre. A razão não entende, mas o amor nele ajuda o seu coração a se abrir e a ver, portanto “o coração tem suas razões, que a razão não conhece” (Blase Pascal). É a intuição do coração que o permite ver e acreditar antes de todos os outros.
A alegria da Páscoa só amadurece na base de um coração de fé, de um amor fiel. Uma amizade que nada nem ninguém poderia quebrar. É possível? Eu acredito que a vida nos ensinou que somente Deus pode prover isso para nós. A Páscoa chega para abrir as portas do coração, que se fecham na tristeza, no sentimento de fracasso, de decepção. Eh, “aspirai às coisas do alto e não às da terra.” (Col 3,2). Cristo ressuscitou.
“Ele ressuscitou! Não está aqui!” (Mc 16,6), o anjo já nos tinha advertido sobre isto. Jesus está vivo, e não mora nos cemitérios; deve ser procurado no outro lugar: no coração daqueles que não estão resignados e nas lágrimas do mundo. O Ressuscitado nos acompanha em todas as escolhas ditadas pelo Amor, nos gestos de perdão e de paz, na fome de justiça, no primeiro grito de uma criança e no último suspiro de vida. Se acreditássemos mais no poder do amor que venceu o mal, não teríamos medo da situação de pandemia em que vivemos!
A Páscoa, portanto, nos compromete a dar a razão da esperança que está em nós (cf. 1Pd 3,15), a dar a prova da nossa alegria, da nova vida que Cristo nos deu, a renunciar sim ao pecado, a colocar Deus em primeiro lugar na nossa existência, a viver convictos de sermos filhos de Deus e que Ele nos ama imensamente, portanto, nada deve nos assustar. Que Cristo ressuscitado nos ajude a compreender a preciosidade da vida, a cuidar do corpo que contém em si um destino de eternidade … pois a fé, uma brecha para Deus, nos dá uma nova luz, uma nova vida.
Boa meditação, caríssimos! Uma santa Páscoa a cada um de vós! JB