Mt 28, 8-15
“Não temais. Ide anunciar aos meus irmãos que partam para a Galileia. Lá me verão”
O túmulo vazio de Jesus torna-se desde as primeiras horas um lugar de fé e um desafio entre o poder dos fariseus e a liberdade do coração. O túmulo está vazio, porque, como diz Pedro, “não era possível que Jesus de Nazaré ficasse sob o domínio da morte” (Act 2,24). Este é o fato irrefutável ante o qual as mulheres e os guardas se encontram.
“Ele não está aqui! Ressuscitou, como havia dito” (Mt 28,6), este anúncio do anjo, porém, aquece o coração das mulheres. Pois, sem outra validação, elas confiam na palavra do anjo e a obedecem. Não demoram: elas “correram a dar a notícia aos discípulos”.
Elas vão em direção aos discípulos com o seu alegre anúncio. E neste “ir em direção”, encontram o Ressuscitado. E Ele lhes dá uma tarefa, ou seja, a missão que as espera: “Não temais. Ide anunciar aos meus irmãos que partam para a Galileia. Lá me verão”.
É interessante que o Evangelho regista que “cheias de temor e de grande alegria, as mulheres correram…”. E quando Jesus veio ao encontro delas, após a saudação, disse-lhes em primeiro lugar “Não temais …”.
Ele revigora nelas a coragem, a liberdade de coração para que possam anunciar a Boa Nova aos seus irmãos: mulheres extraordinárias – “Maria Madalena e outra Maria” -, criaturas apaixonadas pelo Evangelho, tornam-se as primeiras testemunhas e anunciadoras da ressurreição de Jesus. De um túmulo vazio, a fé no Ressuscitado dará os seus primeiros passos.
O testemunho feminino, na verdade, não era considerado fiável na cultura judaica: as mulheres nem mesmo tinham permissão para testemunhar no tribunal. Doença antiga, mas também atual é o machismo. O testemunho dos guardas do túmulo parecia muito mais confiável, embora fossem corrompidos pelos fariseus, desde que contassem o falso sobre o misterioso desaparecimento do corpo de Jesus.
Mas os guardas sabem que é inútil selar e vigilar o túmulo de Jesus, porque nenhum poder terreno pode resistir ou se opor à obra de Deus, por isso, como não podem aceitar a verdade pascal, dão ao mundo uma “explicação”. Explicação que só pode enganar aqueles que se recusam a encontrar o Senhor.
Muitas vezes, nós exigimos provas para acreditar em Deus. Queremos “ver” antes de confiar. Pois é, fechados nas nossas próprias ideologias, muito difícil se aperceber da sua presença. O Ressuscitado continua batendo as portas do nosso coração.
Também podemos encontrá-Lo hoje, mas apenas no movimento “ir em direção”. Sim, é na Galiléia do Evangelho que Ele continua a marcar seus compromissos. Pois bem, é precisamente aí que nós podemos O encontrar, desde que o nosso coração esteja disponível para escutar e todo o nosso ser se estenda em direção aos outros.
A partir disso, pergunto-me a mim, a minha fé é uma adesão passiva e inerte a um dado recebido pela tradição, ou é algo que inevitavelmente me impele para os outros, no desejo irreprimível de lhes comunicar a minha alegria? Madre Teresa de Calcutá dizia: “Não procure Jesus em terras distantes: ali Ele não está. Ele está perto de ti e contigo. Basta manteres a lâmpada acesa e tu sempre O verás. Continue a encher a vida com pequenas gotas de amor”. Quão grande foi, como sabemos, esta mulher!
Por isso, com este espírito, rezemos ao Ressuscitado para que nos deixe percorrer os caminhos da vida procurando sempre o seu rosto, naquele rosto, muitas vezes marcada pela dor e amargura do absurdo, de tantos nossos irmãos. Que possamos dar a eles a Boa Nova de que Ele os ama e está com eles.
Boa meditação, caríssimos. JB