Lc 24, 35-48
“sou Eu mesmo; tocai-Me e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que Eu tenho…”.
Os discípulos acabaram de escutar a história dos dois de Emaús e ainda se maravilham quando Jesus aparece entre eles: “espantados e cheios de medo, julgavam ver um espírito”.
Os sinais da paixão não bastaram para dissipar as dúvidas do coração daqueles homens que viveram anos ao lado de Jesus, pois conheceram os seus hábitos, as suas atitudes. A incredulidade em relação ao evento misterioso e extraordinário da ressurreição ainda é muito grande.
O Jesus da “história” encontrado na margem do lago é o Jesus dos milagres; o Jesus da “fé” – o Ressuscitado – é o crucifixo que morreu pelo Amor, inundado de luz. É semelhante ao Jesus transfigurado no Monte Tabor. Olhos de carne não são suficientes, é necessário coração. Não basta razão, é preciso fé, olhos da fé, “certeza daquilo que ainda se espera, a demonstração de realidades que não se veem” (Hb 11,1).
E Lucas insiste na corporeidade do Ressuscitado em polêmica com o mundo helenístico que acreditava na imortalidade da alma, mas não na ressurreição dos corpos. “Sou Eu mesmo; tocai-Me e vede”, e mostrou-lhes as mãos e os pés … As mãos, os pés e as gloriosas feridas do Crucifixo são a demonstração do seu Amor. “Tendes aí alguma coisa para comer?” Apenas um corpo real pode comer.
Inácio de Antioquia disse: “Quando Ele veio para aqueles que estavam ao redor de Pedro, disse-lhes: ‘Pegai, tocai-Me e vejais que eu não sou um demônio incorpóreo’. E imediatamente eles O tocaram e acreditaram compenetrados na sua carne e no seu espírito. Por isso desprezavam a morte; na verdade, eram considerados superiores à morte ”(Epístola aos Esmirnios 3, 1-2).
“Vós sois as testemunhas de todas estas coisas”. Assim, hoje, Jesus pede a nós, muitas vezes duvidosos e hesitantes, de não considera-Lo um fantasmas, mas uma Pessoa viva e concreta que nos acompanha na vida. E que Ele nos dê os olhos da fé para nos apercebermos da sua presença entre nós … e felizes os nossos olhos que verão o que nós veremos… (cf. Lc 10, 23).
Boa meditação, caríssimos. JB