Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

2ª Semana – Quarta-feira – Páscoa

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Jo 3, 16-21

“Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito…”.

É o último dia que no Evangelho de João ainda encontramos a figura do interlocutor ‘noturno’ de Jesus, Nicodemos, a quem o Mestre de Nazaré faz as últimas revelações importantes: “Deus enviou o Filho ao mundo para que o mundo seja salvo por Ele”.

Com isso, Jesus não fala mais a Nicodemos, mas a mim, a ti, a nós. Para nós, incrédulos, que muitas vezes amamos as trevas, ou seja, escolhemos conscientemente e nos apegamos ao mal. E a partir disso, Ele se torna cada dia mais consciente de quanto dificilmente é amado, de quanto a sua missão se torna, com dificuldade, uma realidade nas nossas vidas.

Mas mesmo assim, “Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito”. Deus considerava o mundo – cada mulher e cada homem – mais importante do que Si mesmo. Para comprar a “mim”, a “ti”, a “nós”, Ele vendeu o seu próprio filho. Loucura de amor.

E aqui está a passagem crucial: se Ele amou o mundo assim, nós também amaremos esta terra, seus espaços, seus filhos, sua beleza, suas feridas. Portanto, é urgente que nos abandonemos desta nossa ideia de um Deus severo pronto para nos pegar no erro.

De facto, Jesus mostra-nos com a sua pregação e com a sua vida que o seu Deus é um pai-mãe cheio de toda a ternura e compaixão. E assim, para nós, viver deve se tornar a voz do verbo amar. Quando eu amo, a vida se multiplica em mim. Cada gesto de ternura e amizade traz uma nova vida.

Jesus usa verbos no pretérito: Deus amou, o Filho veio. Tais verbos me dizem não uma esperança – Deus vai te amar – mas um fato certo: Deus já está aqui e o mundo está salvo. Seu amor existe além de mim, de ti, de nós. Depende d’Ele que eu seja amado, tu sejas amado, nós sejamos amados. Não somos cristãos porque amamos a Deus, mas porque temos certeza de que Deus nos ama.

No Evangelho, o verbo amar deve sempre ser traduzido por outro verbo concreto: o verbo dar. Amar não seja emoções, mas mãos que se oferecem, ou seja, fazer e dar como forma de ensinar. E sobre isso disse Santo Inácio de Antioquia: «Bom é ensinar se quem fala o faz. Só existe um Mestre que disse e fez (cf. Sl 32.9) e as coisas que fez em silêncio são dignas do Pai”
(Efésios 15, 1).

Levemos muito a sério a mensagem do Evangelho, acolhendo a proposta de conversão do Senhor, deixemos que a sua Palavra guie os nossos passos e as nossas escolhas. Pois “não há nada que alegra assim tanto a Deus como a conversão e salvação do homem” (Gregorio Nazianzeno). Portanto, vivamos como já salvos!

Boa meditação, caríssimos! JB