Jo 6, 1-15
“Duzentos denários de pão não chegam para dar um bocadinho a cada um”.
Os números provam que Filipe estava certo. Estiveram presentes 5 mil homens e com 200 denários – cerca de 200 dias de trabalho – não se podia garantir mais do que um pedaço de pão por pessoa.
O gesto ingênuo e desarmante de um adolescente que oferece a Jesus a sua refeição diária para atender às necessidades de todos nos faz sorrir.
“Mas que é isso para tanta gente?” O que se poderia fazer com tão pouco? No entanto, parece que Jesus prefere o nada de um menino à análise pensativa do apóstolo Filipe: “Mandai-os sentar”.
Com o seu gesto, Jesus inverte a perspectiva: o pouco que possuímos ainda pode ser dado. Quer sejam duzentos denários ou cinco pães, o cálculo a ser feito não é se são suficientes, mas se se pode investi-los totalmente.
Os “cinco pães de cevada e dois peixes” do menino deixam espaço para a imaginação de Deus que sabe fazer milagres extraordinários com poucos recursos humanos: “quando ficaram saciados, Jesus disse aos discípulos: ‘recolhei os bocados que sobraram, para que nada se perca'”.
Curioso, que somente o evangelista João nos relata que os parcos e limitados meios para alimentar a multidão foram dádiva de um menino que se torna, por sua vez, colaborador de Deus. Que lição pra nossa vida!
Caríssimos, em vez de perdermos o tempo criticando coisas que estão erradas no mundo ou na Igreja, porquê não colocarmos em jogo os nossos talentos ao serviço do próximo?!
Deixemos os gestos impossíveis a Deus, para qual todo é possível (cf. Lc 1,37). Nós, humildes servos da sua vinha, somos chamados a ser colaboradores zelosos e fiéis. Pois, “a nossa língua deve ser usada apenas para rezar e o nosso coração apenas para amar” (São João Maria Vianney, Cura d’Ars, França, 1786-1859).
Só Deus, portanto, pode saciar a fome: fome de pão e de sentido da vida. A nós, Ele pede somente as migalhas com as quais poderá garantir a todos o seu amor.
Boa reflexão, caríssimos. JB