Act 3, 13-15.17-19; 1 Jo 2, 1-5a; Lc 24, 35-48
“Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia”.
O Evangelho de hoje é a versão lucana daquele que escutamos no domingo passado (Jo 20,19-31). A variante é dada pelo retorno dos dois discípulos de Emaús que contam aos apóstolos o que experimentaram com o peregrino Jesus que encontraram no caminho. “Enquanto diziam isto, Jesus apresentou-Se no meio deles”.
Aquele Senhor que eles conheciam, voltando dos mortos, já não O reconhecem! Eles O conheciam bem, depois de três anos de estradas, oliveiras, peixes, aldeias, olhos nos olhos, já não reconhecem mais sua presença.
Um homem de carne e osso não pode passar pelas portas fechadas. Espanto, medo, perturbação, dúvida, descrença e finalmente alegria, são os sentimentos que predominam nos discípulos, manifestando toda a sua dificuldade em acreditar no Ressuscitado, pois “julgavam ver um espírito”.
Perdidos por causa da morte do Mestre e longe daquela Palavra que tantas vezes ouviram mas não escutaram (…), como não teriam a dureza de coração e, portanto, como seriam capazes de compreender o significado profundo das Escrituras?! Além disso, nessas situações, quem teria persistido, acreditando facilmente na Ressurreição?! Na verdade, eles “julgavam ver um espírito”.
E Jesus sabe disso. Não é em vão que tenta oferecer provas cada vez mais convincentes, numa espécie de escala ascendente: o túmulo vazio, a aparição de anjos às mulheres, a aparição a Maria de Magdala, o encontro com os dois discípulos de Emaús, e enfim, agora a aparição a todos os onze reunidos.
Nesta última, Jesus mostra as suas mãos e seus pés, Ele se mostra como uma pessoa viva em carne e osso; e finalmente os convence: “tendes aí alguma coisa para comer?”; só um corpo real pode comer: “então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras”.
Ele realmente ressuscitou! “Matastes o autor da vida; mas Deus ressuscitou-o dos mortos (At 3,15)! Não é um espírito, um fantasma evanescente, uma sombra, uma aparência insubstancial e irreal ou uma projeção de nossa fantasia. É verdadeiramente Ele, com um corpo de carne e osso que, trazendo ainda as cicatrizes nas mãos e nos pés, aparece entre nós.
Saibais disto, caríssimos, cada vez que falamos d’Ele, O tornamos presente nas nossas vidas: Ele nos abre para a compreensão das Escrituras, nos dá a sua paz, sua alegria, tira nosso medo e nos pede para sermos suas testemunhas: “vós sois as testemunhas de todas estas coisas”.
“Aceita então que Jesus Ressuscitado entre na tua vida, acolhe-O como amigo, com confiança: Ele é a vida! Se até agora estiveste longe d’Ele, basta que faças um pequeno passo e Ele te acolherá de braços abertos. Se és indiferente, aceita arriscar: não ficarás desiludido. Se te parece difícil segui-Lo, não tenhas medo, entrega-te a Ele, podes estar seguro de que Ele está perto de ti, está contigo e dar-te-á a paz que procuras e a força para viver como Ele quer” (Papa Francisco, Homilia da Vigília Pascal, 30.03.13).
Assim, hoje, Jesus pede a nós, muitas vezes duvidosos e hesitantes, de não considera-Lo um espírito ou fantasma, mas uma Pessoa viva e concreta que nos acompanha na vida. E, rezemos que Ele nos dê os olhos da fé para nos apercebermos da sua presença entre nós … fazei brilhar sobre nós, Senhor,
a luz do vosso rosto (Sl 4,7).
Boa meditação e bom “Djadjingù”, caríssimos. JB