Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

3ª Semana – Quinta-feira – Páscoa

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(Jo 6, 44-51)

“…se alguém comer deste pão, viverá eternamente…”.

O verbo mais repetido nesta passagem de João é comer. Pode indicar mil e uma coisas, mas a primeira é “poder viver e não morrer”, “comer” que se torna uma questão de vida ou morte. A Eucaristia é alimento da vida eterna: “quem comer deste pão viverá eternamente”.

E a vida eterna não se refere ao depois; já estamos no caminho da eternidade na qual a vida terrena é apenas uma fase … a vida é para a vida eterna como o feto é para o homem que nasce e cresce. Estamos diante de um “já e ainda não” em plenitude, como alegou o teólogo luterano francês Oscar Cullmann.

 Não tendo a vida eterna em plenitude neste mundo, e ciente de que o pão que Jesus nos dá é a sua “carne pela vida do mundo”, é urgente fazermos algo já e agora para alcançar a tal vida eterna. Refere-se de um padre que, ao dar a comunhão aos fiéis da sua paróquia, gostava de dizer: “… transforma-te no que recebes: o Corpo de Cristo”.

Caríssimos, comer a carne e o sangue de Cristo não se reduz simplesmente ao ritual da Missa … é naquele preciso momento que tudo começa, é um compromisso que, em toda Santa Missa, começa com “ite missa est“, que quer dizer “ide em paz, que a missão começou (cf. Sacramentum Caritatis, 51). Em nós, Jesus deixa a igreja-templo; veste-se da nossa humanidade, de tal forma que própria humanidade se torna a carne viva de Deus.

E nisto, nos pode nos vir à mente o que Ele dizia: “… todas as vezes que fizestes bem a um destes mais pequeninos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40). Sua carne (homem e mulher pobres, débeis, crianças, velhos, etc.) é encontrada em todas as esquinas e periferias da sociedade, e não poucas vezes é ferida, ignorada e pisada. Enquanto se torna cristão apenas por atração, por testemunho, como afirmou Bento XVI (Aparecida, Brasil, 13/05/07) e repetido por Papa Francisco (cf. Evangelii Gaudium 14).

Fomos atraídos por um Deus “bom como pão” que nutre toda a nossa vida; um Deus que dá o primeiro passo, que se entrega e não exige compensação. Portanto, nós, seus filhos, não podemos fazer outra coisa senão seguir seus passos com o testemunho de vida, apesar das nossas limitações e fraquezas.

De facto, a Eucaristia, como disse o Papa Francisco, “não é um prêmio para os perfeitos, mas um remédio generoso e alimento para os fracos” (Evangelii Gaudium, 47). Portanto, queridos irmãos e irmãs, “… transformai-vos no que recebeis: o Corpo de Cristo”.

Boa meditação, caríssimos e “uwã santù djà da tudu nancê”. JB