Jo 6, 52-59
“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna…”.
Estamos no fim do discurso sobre a Eucaristia na sinagoga de Cafarnaum. Reagindo às palavras de Jesus, os judeus “discutiam entre si”.
Mas se tomarmos a tradução grega, o sentido da expressão é muito mais forte: “brigavam aspramente entre si”. Ao definir-se como o Pão da vida eterna, Jesus provocou neles um choque: ”como é que Ele pode dar-nos a sua carne a comer?”.
É assim, queridos irmãos: quando a verdade surge, não pode deixar de provocar brigas e conflitos. Ainda hoje existem aqueles que tendem a diminuir e desprezar também o mistério da Eucaristia para chegar a um consenso. Mas Jesus nos convida e nos avisa: “quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna”.
Carne e sangue resumem a nossa natureza como pessoas humanas: nossa alma também é espiritualmente composta de carne e sangue, assim como alegrias e tristezas, serenidade e infelicidade. Para isso, caríssimos, precisamos da ajuda divina que Jesus nos dá com a sua Palavra e a sua Eucaristia.
Ademais, “dando-Se a nós, Cristo reaviva o nosso amor e torna-nos capazes de quebrar as ligações desordenadas às criaturas e de nos radicarmos n’Ele” (Catecismo da Igreja Católica n. 1394).
No entanto, ai de nós se nos acostumarmos com a Eucaristia. Porque o amor que se transforma em “hábitos e costumes” lento e miseravelmente acaba por sucumbir. Portanto, a sua valência não pode ser diminuída. É realmente algo novo e original.
E Jesus reitera o pensamento bem cinco vezes nestes parcos versículos: portanto, não “é como comer a sua carne”, mas sim “é comer sua carne”, e isso proporciona a vida eterna, não uma tenra emoção.
Interessante! Jesus possui o segredo que muda a orientação da vida: da vida só terrena para a vida eterna. E uma coisa é viver para sempre, outra é sobreviver. Eu escolho o primeiro: viver para sempre. E vós?
Repareis bem que Jesus usa o verbo no presente “tem”, e não o futuro “terá”. A Eucaristia é pão, é o oxigênio de uma vida que não se desenvolve miseravelmente como a terrena. Portanto, façamos nossa esta oração: “Senhor, dá-nos sempre deste pão” (Jo 6,34).
Boa meditação, caríssimos e “bóndjá da tudu nancê”. JB