Jo 10, 22-30
“… Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me”.
Jesus passeava pelo templo, debaixo do pórtico de Salomão. Alguns judeus o convidam a dizer explicitamente se Ele é o tão esperado Messias: “até quando nos vais trazer em suspenso? Se és o Messias, diz-nos claramente”.
Jesus não responde. Ele é o Messias, mas não de acordo com as expectativas dos judeus: “já vo-lo disse, mas não acreditais…, porque não sois das minhas ovelhas”. Jesus manterá um perfil humilde e baixo: não subirá ao trono, mas sim será elevado na cruz. Quão decepcionados com Ele estariam aqueles judeus! Os planos dos ímpios saem frustrados (cf. Pro 12,5).
Jesus não proclama nem levanta a voz, pois, mesmo no silêncio, diz Ele, “as minhas ovelhas escutam a minha voz”. É o Messias e Filho de Deus, e não precisa de ser reconhecido através de sinais marcantes, basta ‘lumen fidei’, luz da fé.
E a fé, ao contrário dos judeus, as ovelhas a têm, não questionam; confiam no Pastor e O seguem. De facto, onde se respira o conhecimento e amor, um olhar vale mais que mil palavras.
A presença do Pastor é reconfortante para a coesão do rebanho; a sua ausência, por outro lado, causa distúrbios; e se vem o lobo, acontece caos e desastres.
“Até quando nos vais trazer em suspenso? Se és o Messias, diz-nos claramente”. Muita exigência para não insinuarmos desconfiança e suspeita. Pois, há quem não veja Deus como um Pai tenro e confiável, mas como um ladrão de felicidade. Porém, Deus, mais que o Senhor, quer se manifestar a nós como Pai (cf. São Pedro Crisóstomo em seus Discursos).
Na verdade, a fé é a vitória do amor e do encanto. Nela, o coração conta acima de tudo: não a razão, mas o coração, que “tem razões que a própria razão desconhece” (Blaise Pascal).
Ademais, não é determinante entender com a razão, mas seguir o coração por amor: “Eu conheço-as e elas seguem-Me”. Bem-aventurado aquele que confia, se levanta e parte. Ele encontrará a luz e a alegria. Que o Espírito nos faça entender profundamente o mistério de Jesus, o Bom Pastor, “escândalo para os judeus e loucura para os pagãos” (1Cor 1,23).
Boa meditação, caríssimos. JB