S. Catarina de Sena, Virgem e Doutora da Igreja [nasceu em Sena no ano 1347. Movida pelo desejo de perfeição, entrou na Ordem Terceira de S. Domingos quando era ainda adolescente. Inflamada no amor de Deus e do próximo, trabalhou incansavelmente pela paz e concórdia entre as cidades, defendeu com ardor os direitos e a liberdade do Romano Pontífice e promoveu a renovação da vida religiosa. Escreveu importantes obras de espiritualidade, cheias de boa doutrina e de inspiração celeste. Morreu no ano 1380].
Jo 13, 16-20
“…o servo não é maior que o seu Senhor …”.
Se diz, segundo a tradição da Igreja, que quando muitos homens santos começaram a partir, um após o outro, para o deserto viverem como eremitas, São Gregório ficou consternado, e lhes perguntou: “Se todos vós partirdes para o deserto, a quem lavareis os pés?”.
Uma pergunta pertinente, que evoca uma ação de Cristo que entrou no coração de cada cristão. Com efeito, faz relembrar a noite em que o Senhor se fez servo para lavar os pés e recomendou aos seus discípulos que igualmente o fizessem uns aos outros.
Lavar os pés é uma metáfora cristã que vai contra todas as regras do bom senso. Pois, para o mundo, que despreza os fracos, os pobres e os pequeninos, o poder reside no domínio e na felicidade que se baseiam nesta tríade ímpia de poder, fama e posse.
Daí que o Senhor, que veio para servir, querendo prevenir os seus discípulos desta pseudo-glória, os admoesta, “o servo não é maior do que seu senhor, e o enviado não é maior do que aquele que o enviou”.
Não há servo maior do que seu senhor. Um apóstolo que deseja ser como os grandes deste passageiro mundo se torna ridículo. Ele não entendeu o que significa ser grande, nem quem é o Senhor, do qual, a grandeza está em lavar os pés e é proporcional ao seu amor.
Caríssimos, o gesto de lavar os pés torna-se um exemplo a seguir por todos nós, enquanto percorremos as veredas desta efémera vida. Por isso, mais do que viver no deserto da vida, ser cristão seriamente significa servir com amor o próximo; uma vocação humilde, mas sublime que toca a essência da realidade – “já que sabeis disso, sereis felizes se o puserdes em prática.” Então, vós, irmãos e irmãs, não quereis ser felizes?
Pois, caríssimos, comemos do pão de Cristo, por isso, não levantemos contra Ele o nosso calcanhar. Judas, atraído pela tríade ímpia de poder, fama e posse, o fez e decidiu vender o seu Senhor por dinheiro, negando assim sua fórmula para alcançar a felicidade.
São Francisco, levando a sério a vida cristã, ao servir a Cristo, realizou na vida quanto sempre rezava: “Ó mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado; compreender que ser compreendido; amar que ser amado; pois é dando que se recebe; é perdoando que se é perdoado; e é morrendo que se vive para a vida eterna”.
Boa meditação, caríssimos. JB