São Pio V, Papa (séc. XVI)
Jo 14, 1-6
“… Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus; crede também em mim… Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.
Palavras decisivas para dizer que todo o gesto de amor permanecerá além da vida física deste efémero mundo, e se tornará eterno.
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, diz Jesus. Três palavras imensas … tão carregadas, que nenhuma explicação possa esgotá-las, e dão sentido à existência.
“Eu sou o caminho”. Ele é o caminho, certamente que passa pela Cruz para chegar ao próximo e a Deus. Em Jesus não se pode erguer um muro, mas uma ponte, um horizonte e um objetivo. Como Caminho, Cristo não vem por si mesmo, mas por nós, sua casa é nossa casa, seu Pai é nosso Pai. Não estamos sós, temos um Guia.
“Eu sou a verdade”. A verdade não pode viver engarrafada numa doutrina, nem fechada num livro. Sendo a verdade, Jesus veio nos mostrar o rosto de Deus, de modo que as suas palavras, os seus ensinamentos e os mandamentos, estejam tudo encruzilhado e estreitado naquele “amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15,12).
Mas, nunca será uma verdade imposta, possessiva e nem arrogante, mas sim desarmada, exposta, proposta para ser encarnada: ela permite que nós respiremos liberdade e plenitude de vida.
“Eu sou a vida”. “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir?” (Mc 1,24) – A resposta é uma afirmação que parece desconcertante, excessiva: “sou aquele que vos faz viver, Eu dou minha vida por vós, a vós”. A sua vida dada por nós, dada a nós, que será vivida para sempre com Ele na morada do Pai.
Então “acreditais em Deus, acreditai também em Mim”, diz Jesus. A fé é o inimigo declarado do medo. Sem a fé, a vida se torna um inferno.
A propósito, Gilbert Keith Chesterton (escritor, jornalista, dramaturgo inglês do início do séc. XX) dizia: “Como todo ser humano, o crente também está imerso nas angústias e dores do dia a dia. Mas ele encontra na fé uma lente que lhe permite ver as mesmas coisas de sempre sob uma nova luz. A fé não muda a paisagem, mas modifica o olhar do homem”.
Palavras de vertigem: a nossa vida é explicada com a de Deus e nesta se desenrola. Quanto mais existe Deus no nosso coração, mais nós somos. E quanto mais vivemos o Evangelho, mais temos a vida.
Boa meditação, caríssimos. JB