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Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

5º Domingo da Páscoa – Ano B

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Actos 9, 26-31; 1 Jo 3, 18-24; Jo 15, 1-8


“Eu sou a videira, vós sois os ramos. Se alguém permanece em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto, porque sem Mim nada podeis fazer”.

 

O convite de Jesus neste quinto domingo de Páscoa é urgente, nos toca e nos compromete a todos como seus discípulos.

Depois de tantas imagens para se definir, “Eu sou o Pão”, “Eu sou o Pastor”, “Eu sou a Luz”, “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” … facetas de uma única realidade que remetem à uma plenitude que escapa a qualquer definição e que se expressa veladamente por aquele “EU SOU” (Ex 3,14), isto é, Deus que assume a humanidade em Jesus, na liturgia de hoje Ele introduz uma nova imagem: “Eu sou a videira”.

Uma imagem rural muito simples e familiar aos ouvintes de Jesus da época, porém muito eficaz, também para nós.  Retrata a nossa união, comunhão com Cristo (nós n’Ele, Ele em nós – um sinal de amor).  Pois, caríssimos, não tenhamos ilusão de que só o ramo possa dar frutos!

Diz-nos Santo Agostinho: “O Senhor não disse ‘sem mim pouco podeis fazer’, mas sim, ‘sem mim nada podeis fazer’.  Muito ou pouco, não podemos fazer sem Ele, porque sem Ele não podemos fazer nada”.  Também vos digo que o destino do ramo que se desprende da videira está fatalmente selado: apanhado, lançado ao fogo e queimado, em suma, sucumbe.

A imagem (a vinha do Antigo Testamento) dá lugar à realidade: a vide ‘verdadeira’ que é o próprio Jesus e os que permanecem unidos a Ele – a Igreja. Uma Igreja, substancialmente santa, mas sempre precisando ser podada e limpa nos seus ramos .  Uma Igreja que conhece a fragilidade, as quedas, os erros e o próprio pecado nos seus membros.

A estes, e portanto a mim, a ti, a nós, a cada um de nós cristãos, Jesus dirige o convite a “permanecer” firmemente ancorado a Ele, enraizado no seu amor, consignado à acção do “Agricultor” que sabiamente poda para que o fruto seja abundante e duradouro, visando o florescimento de tudo o que há de mais belo e promissor em nós.

“Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós”.  Da permanência n’Ele surge a necessidade de “amar-nos uns aos outros, não com palavras e com a língua, mas com obras e em verdade”, afirma São João (1Jo 3,18). E disso, o próprio João, discípulo amado, conhece bem, um modelo de amante e amado, onde podemos compreender o que significa amar e ser amado por acreditar em Jesus, alimentar-se daquela seiva que é o seu amor e sua palavra.

Saibais disto, caríssimos: se com esta seiva alimentamos a nossa vida, revigoramos as raízes da nossa fé, a ponto de produzir frutos de justiça, santidade, atenção para com quem sofre, misericórdia para com quem comete erros e solicitude para com quem se encontra em dificuldade.

Conscientes de sermos ramos desta videira que é Cristo, cada um de nós aqui presente, pode se perguntar: que ramo sou eu?  E se somos esses ramos robustos e frutíferos, o que ainda devemos fazer para nos manter nesta postura?

“Se permanecerdes em Mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes e ser-vos-á concedido”.  Peçamos-Lhe a força e a graça para que a promessa de amor que contém a sua Palavra se concretize na nossa vida.

Repareis bem: se Lhe pedirmos algo e Ele não nos conceder, significa que aquilo que pedimos não ajuda a permanecer n’Ele, não condiz com a sua Palavra que habita em nós, enfim, não é útil para a nossa salvação.

Que o Senhor nos conceda a graça de nunca nos afastar d’Ele, que nos abra o coração às podas necessárias para que a sua força vital nos permita prolongar a sua presença e os seus frutos de amor entre os homens, nossos irmãos e irmãs.

Boa meditação, caríssimos e “bón djàgingù – djà Sùmú – da tudu nancê”. JB