Jo 15, 9-11
“Permanecei no meu amor…”
O amor é real, tangível e concreto, pois se pode respirá-lo e tocá-lo. É como o útero acolhedor de uma mãe para a criatura que se prepara para nascer. Ela não vê a mãe, mas sente mil e um sinais da sua presença que a alimenta e aquece. Assim é para nós: estamos imersos num oceano de amor, mas muitas vezes não nos apercebemos.
O verdadeiro amor é de Deus: seu amor é unilateral, independente, incondicional e não discrimina, crentes ou não (cf. At 15,7-21). O fato de sermos amados depende de Deus, não de nós. E, portanto, Ele nos faz lembrar novamente: “permanecei no meu amor”.
Ainda hoje o verbo “permanecer”! É exatamente o oposto de “errar“, que não por acaso, na sua riqueza semântica, significa “perambular“, “andar sem destino”, “vaguear”, “ir por um caminho errado”, tanto quanto “cometer erros”, “perder-se“. Permanecer é a capacidade de estar, de viver uma fidelidade duradoura, especialmente em tempos difíceis, sem ser levado pela tempestade dos humores superficiais, dos sentimentos, dependendo do que parece mais agradável e palatável para os nossos gostos no momento.
Permanecer, é claro, mas onde? No amor de Jesus, que é o mesmo amor do Pai, significando, assim, um desejo de fazer do seu amor nosso lar, portanto, viver à luz da palavra de Deus, praticar a fidelidade a Deus, fazer sua vontade na observância dos seus mandamentos, “para que a vossa alegria seja completa”.
Interessante é que, permanecer no amor de Jesus, muitos santos, ao longo dos séculos, entenderam-no: Santo Agostinho afirmou, “ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos”. Santa Teresa de Menino Jesus ou de Lisieux, sempre nesta permanência no amor, disse, “no coração da Igreja, minha mãe, eu serei amor, assim serei e assim se realizará meu sonho”.
Que o Senhor nos dê a alegria de permanecermos no seu amor e garantir que, no centro das nossas vidas neste mundo, coloquemos sempre a sua bondade e misericórdia, de modo que sejamos um dia no Céu contados entre os seus eleitos.
Boa meditação, caríssimos. JB