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Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

6º Domingo da Páscoa – Ano B

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Actos 10,25-26.34-35.44-48; 1Jo 4, 7-10; Jo 15, 9-17

É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei”.

 

Se no passado Domingo estivemos no campo, isto é, na vinha, hoje, com coragem somos convidados a subir uma montanha muito alta, digamos, o cume do cristianismo: “que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei”.

Sempre soubemos que devemos amar (basta ler o Antigo Testamento), mas amar ‘como Jesus nos amou’ é uma novidade que nos faz cambalear.  Porque Jesus fez um acréscimo muito importante ao mandamento de Deus: “como Eu vos amei”.  O Antigo Testamento não nos apresentou nenhum modelo de amor, mas apenas formulou o preceito do amor.  Em vez disso, no Novo Testamento, Jesus deu-nos a Si mesmo como modelo e fonte de amor.

 Amar como Jesus amou”.  Todo o nosso amor é precedido pelo seu amor e se refere a esse amor, está inserido nesse amor, se realiza justamente por esse amor.  Amar como Cristo é, só para dar alguns exemplos, lavar os pés aos seus discípulos (cf. Jo 13,1-15); não julgar, mas sim salvar (cf. Jo 12,47); enquanto O magoamos, Ele continua a velar por nós e nos amar (cf. Jo 15,13); “não fazer discriminação entre as pessoas” (At. 10,34) e ter os pequeninos como seus prediletos (cf. Mt 25,40). Quem ama assim, seja qual for o seu credo, não está próximo do Reino de Deus como o escriba (cf. Mc 12, 28-34), mas sim entrou no Reino, na corrente do amor de Cristo, habita n’Ele se tornou o canal do amor do Pai.

 Amai-vos como Eu vos amei”. O São Paulo VI dizia que por causa desse “como” nunca podemos nos sentir bem.  O que fazer?  Desistir?  Nem por isso. Pois há uma maneira de contornar o obstáculo: se é impossível amar “como” Jesus nos amou, a menos que permaneçamos, lutando e esforçando para alcançar este difícil cume que é o seu amor. 

 Permanecei no meu amor”!  Mais uma vez, este verbo “permanecer”.  Permanecei na videira que é Jesus para dar muito fruto, escutamos no domingo passado. “Permanecei no meu amor, guardando os meus mandamentos”, nos é dito hoje.  Apenas permaneçais!  Não vagueando como um vagabundo, não errando longe dele, não se enganando e nem perdendo-lho de vista.

 Somente permaneçamos no seu amor, tendo esta capacidade de estar nele, amando uns aos outros, vivendo uma fidelidade duradoura, especialmente em tempos difíceis, sem ser levado pela tempestade dos humores superficiais, dos sentimentos, nem dependendo daquilo que parecer mais agradável e palatável para os nossos gostos no momento. 

E assim sendo, conhecemos Deus, contrariando no bom sentido o que  João afirma – “Quem não ama, não chegou a conhecer Deus, pois Deus é amor” (1Jo 4,8).  Então, permaneçamos e, se permanecermos, vamos acabar por compreender algo, por conhecer algo e nos tornarmos amigos de Deus.

 Vós sois meus amigos, … já não vos chamo servos”!  Amigo: doce palavra, música para o coração do homem.  Um Deus que de Senhor e Rei se torna amigo, e ternamente encosta seu rosto ao lado do homem, seu amigo.  Na amizade, não há superior e inferior, isto é, sem complexos de superioridade ou inferioridade, riqueza ou pobreza, etc. 

E nesta amizade, neste amor, diz Ele, “fui Eu que vos escolhi e destinei para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça”. De facto, um ramo enxertado numa planta de amor, não pode que dar frutos, quais paz, cura, fervor de vida, libertação, ternura, justiça.  Esses frutos continuarão a brotar na terra mesmo quando nós a deixarmos.

Bem, o mundo, muitas vezes, parece ser a casa de ódio, no entanto, também nele existe amor. Que mundo maravilhoso – what a wonderful world” – como cantou Louis Armstrong (um dos músicos de jazz mais famosos do século XX). Diz-se que um jovem se dirigiu ao músico e lhe disse: “Eh Pops (alcunha de Armstrong) o que queres dizer com “Que mundo maravilhoso”?  Com essas guerras e muros por todo lado, tu os chamas de maravilhosos?  Fome e poluição?  Seriam maravilhosos?  Ele respondeu: “o mundo não parece tão ruim para mim, mas sim é ruim o que fazemos ao mundo, e tudo o que eu digo é: que mundo maravilhoso seria se apenas o déssemos uma chance.  Então, ama, garoto, ama.  O segredo é esse.  Sim, se nos amássemos realmente, resolveríamos muitos problemas e então o mundo seria melhor…”.  

Portanto, caríssimos, Deus é amor, e o verdadeiro amor é o seu, e se nos amarmos como Ele nos ama, certamente este mundo seria mais do que maravilhoso.

Boa meditação, caríssimos e “bón djàgingù – djà Sùmú – da tudu nancê”. JB