SÃO MATIAS, Apóstolo
Jo 15, 9-17
“… fui Eu que vos escolhi e destinei, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça”.
Ninguém havia mencionado Matias nos Evangelhos. Ele é mencionado apenas por Lucas nos Atos dos Apóstolos, como a pessoa escolhida “para ocupar, neste ministério e apostolado, o lugar que Judas abandonou para ir ao lugar que lhe cabia” (Atos 1,25).
No entanto, Matias sempre foi fiel a Jesus, é conhecido de todos e por todos, é da primeira hora, isto é, aquele que viveu entre os apóstolos “desde o baptismo de João até ao dia em que do meio de nós o Senhor Jesus foi elevado ao Céu” (Atos 1,22), em suma, “àqueles que viveram com Jesus e não aos que eram apenas discípulos” (S. João Crisóstomo, Homilias sobre os Actos dos Apóstolos 3, 1. 2. 3).
A entrada de Matias no grupo dos Doze, diz quão profundamente enraizada era a mentalidade judaica – doze como as tribos de Israel, como os filhos do patriarca Jacó -, razão pela qual, mesmo se aqueles que seguiram o Mestre fossem mais de 12 (cf. Lc 10, 1-20), a corrupção deste número poderia sugerir uma imperfeição que talvez até comprometesse a parusia de Jesus.
Então, os onze restantes, cheios de fé, decidiram depois de Pentecostes se tornar Doze novamente. Não por si mesmos, mas porque estão cientes de que pertencem a um projeto muito maior que eles, isto é, o desígnio de Deus – “é necessário que de entre os homens que andaram connosco... um deles se torne connosco testemunha da sua ressurreição” (Atos 1,21).
Matias não tem rosto, não deixa muitos outros rastros, não escreve um evangelho nem uma carta. Mas ele é um apóstolo de reserva, na bancada até então. E agora, eleito pelo Senhor através dos onze, associa-se a eles e se torna “testemunha da sua ressurreição” (At 1, 21).
Não é um desconhecido, mas um apóstolo capaz de permanecer nas sombras, que não se manifesta para se aparecer, com a pretensão de entrar na lista dos apóstolos mais dignos que os outros. Imaginemos a sua humildade!
E a Matias e a cada um de nós, Jesus oferece um vínculo especial: “já não vos chamo servos, … mas chamo-vos amigos”, isto é, realizar com Ele uma fusão espiritual de mente e coração.
Jesus não impõe a amizade, mas Ele a nos propõe. Pois os amigos são iguais, não há superior nem inferior. E o fruto é uma alegria sem fim: “para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça”.
Que o Senhor nos conceda a fé inabalável dos primeiros apóstolos, e pela intercessão de São Matias, alcançar a graça que tanto necessitamos ao longo caminhar deste mundo.
Boa reflexão, caríssimos. JB