Jo 16, 29-33
“… tende confiança: Eu venci o mundo”.
“Credes agora?“. Quão amarga e angustiante é a pergunta de Jesus! Ele sente a presunção nos Doze. Não é suficiente uma fé cerebral, pois Deus se revela mais com amor.
Os discípulos dizem que acreditam, entenderam tudo sobre Jesus e finalmente interpretaram o Seu discurso incompreensível na última ceia. Mas a fé deles é cronometrada, limitada, vazia, superficial e emocional. Neles somente palavras, palavras, palavras, apenas palavras (flá flá só, no crioulo forro de São Tomé e Príncipe). Na verdade, os discípulos de Jesus estão longe, muito longe da compreensão do mistério do Pai revelado n’Ele.
Ele lhes prenuncia que dentro de algumas horas eles serão esmagados por sua ignorância, insensatez e medo: “Vai chegar a hora – e já chegou – em que sereis dispersos, cada um para seu lado, e Me deixareis só“. Pois a morte do Senhor na Cruz se lhes apresenta como fracasso.
Mas, saibais disto, caríssimos: mesmo que a paixão e a morte de Jesus foram identificadas como escândalo da fé, elas, por outro lado, constituíram o momento decisivo para provar a fé dos discípulos! Somente sob a cruz a fé em Deus se torna adulta.
E isto, a mãe de Jesus, João e algumas mulheres o experimentaram. Eles viram na Cruz a vitória do Amor: “morrendo, destruiu a morte …” (Prefácio da Páscoa I). Portanto, sem a cruz, a fé é uma nuvem de verão que se evapora e desaparece.
Infelizmente, caríssimos, isso também acontece connosco: quando pensamos que acreditamos, que fizemos progresso na vida interior, na caminhada espiritual, somos inexoravelmente confrontados com os nossos limites, as nossas fraquezas, as nossas fragilidades e imperfeições.
Pois, na verdade, é preciso uma vida inteira para se tornar cristão, uma vida inteira, se bem trabalhada, para se aproximar pelo menos um pouco do imenso mistério do Deus revelado por Jesus Cristo.
Vamos investigar, então, rezar e aprofundar o máximo possível com inteligência e paixão a mensagem do Evangelho, sabendo muito bem que, quando subimos a montanha, pensando muitas vezes que atingimos o cume, é a hora que nos aparece diante um outro pico acima… um caminho sem fim.
E São João da Cruz dizia: “Para ter acesso às riquezas da sabedoria divina, a porta é a cruz. É uma porta estreita na qual poucos desejam entrar, enquanto muitos são os que amam as delícias que através da mesma porta se pode alcançar”.
Portanto, ascendendo o Senhor, invoquemos humildemente o dom do Espírito Santo para nos ajudar a nunca nos sentirmos definitivamente perfeitos na fé.
Boa meditação e bom início da Semana, caríssimos. JB