Mc 10, 46-52
“… estava um cego, chamado Bartimeu, filho de Timeu, a pedir esmola à beira do caminho”.
A cidade de Jericó é um dos pontos mais baixos da terra: 250 metros abaixo do nível do mar. E aí o evangelista Marcos traça o identikit do verdadeiro discípulo: o do cego Bartimeu.
Ao contrário do jovem rico que tem medo de perder seus bens (cf. Mt 19, 16-22) e ao contrário dos apóstolos que lutam pelos primeiros lugares (cf. Mc 10, 32-45 – evangelho de ontem), Bartimeu corre atrás de Jesus.
Ele implora na saída de Jericó, na esperança de conseguir uma moeda dos peregrinos que enfrentam a última etapa para subir à cidade sagrada, Jerusalém.
Jesus passa e Bartimeu grita a sua dor: “Jesus, Filho de David, tem piedade de mim!”. Ele não vê e pede para ser levado ao Mestre, embora “muitos repreendiam-no para que se calasse”. Mas, Jesus o chama – “Chamai-o!”.
Bartimeu “atirou fora a capa” que lhe servia para se proteger também da maldade dos outros e foi ao encontro da Luz de Jesus, que o acolhe e o escuta. Ele “logo recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho”.
Caríssimos “só quem tem a sua casa que sabe onde chove”. Só quem se reconhece como pobre e cego tem a possibilidade de seguir Jesus, só quem reconhece que tudo vem de Deus e sabe – do fundo do fundo de coração e do seu desespero – gritar por socorro, escutar a voz de Jesus que lhe abre novos horizontes, restaurando assim a esperança e a dignidade.
Somente aqueles que clamam por sua necessidade de misericórdia e perdão são capazes de subir com Jesus a Jerusalém. E assim Bartimeu passa a ser o nosso modelo de discípulo, aquele que atira fora a capa e com humildade sabe que tudo vem de Deus e tudo volta para Ele. “Se recebemos de Deus os bens, não deveríamos receber também os males?” (Jó 2,10).
Bartimeu parecia um “amaldiçoado por Deus” e se torna um modelo de discipulado; e agora corre feliz atrás do Senhor Jesus, agora ele vê – “a tua fé te salvou” -, o que significa crer, isto é, acolher e aceitar o dom de Deus, tendo assim a luz da vida. “Filho de David, tem piedade de mim”.
Boa meditação, caríssimos. JB