VISITAÇÃO DE NOSSA SENHORA
Lc 1, 39-56
“o Poderoso fez para mim coisas grandiosas… exaltou os humildes”.
Hoje celebramos a festa da Visitação da Bem-Aventurada Virgem Maria a sua prima Isabel.
É interessante que esta página evangélica de Luca seja a única dos evangelhos em que duas mulheres são protagonistas, além das duas criaturas que carregam consigo no ventre: o Filho de Deus, e seu Precursor João Batista. Mas também na mesma página, encontramos o canto Magnificat, “o canto de todas as maravilhas”, como afirmou France Quéré (escritora e teóloga francês do séc. XX).
No canto, respondendo a prima Isabel, Maria profetiza: “magnificat anima mea Dominum…” (a minha alma engrandece o Senhor). Engrandecer significa “fazer grande”, exaltar, glorificar, elogiar as qualidades.
E como pode Maria, uma criatura, glorificar, fazer grande o seu Criador? São Beda, o Venerável, responde: “glorifica o Senhor a alma daquele que consagra todos os sentimentos da sua vida interior ao louvor e serviço de Deus e, pela observância dos mandamentos, mostra que está a pensar sempre no poder da majestade divina” (Das Homilias, Lib. 1, 4).
Portanto, caríssimos, saibais disto: engrandecemos Deus quando experimentamos maravilha diante d’Ele e abrimos o nosso coração para Ele; no entanto, não O engrandecemos quando O encaramos como estranho e irrelevante na nossa vida. Nesta última atitude, Maria não se enquadra, pelo contrário, ela é “aquela na qual o seu Feitor não se desdenhou de se tornar sua fatura” (cf. Dante Alighieri – digamos Camões da Itália – ‘Invocazione alla Vergine Maria’, Paradiso XXXIII, 39).
Maria e Isabel são como dois tabernáculos: o da virgem e o da estéril. Elas engravidam de um modo “impossível” para o homem, mas possível para aquele Deus, de quem “nada é impossível” (Lc 1,37; 18,27). Com efeito, anunciam que está para vir ao mundo o que ao homem, por si só, é impossível doar-se: a “salvação de Deus”. É por isso que os seus úteros estão repletos de Céu.
O canto, na verdade, fala-nos disso, onde já se escuta de antemão a voz do próprio Jesus, no seu Evangelho: a grandeza dos humildes, a bênção dos pequeninos, a reviravolta operada pelas mãos do Senhor na exaltação dos pobres e no derrube dos poderosos, a alegria daqueles que o mundo ignora, etc.
Muitas vezes, Maria de Nazaré, nova Filha de Sião que carrega o Senhor no seu seio (cf. Sof 3,14-18), repete a ação de Deus: Aquele que pôs os olhos, Aquele que fez maravilhas, Aquele que manifestou o poder, Aquele que exaltou, Aquele que encheu, Aquele que acolheu, etc. Portanto, caríssimos, o centro da fé é o que Deus fez e continua a fazer por nós, e não o que nós fazemos por Ele.
Boa meditação e bom início da Semana, caríssimos. JB