Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

10ª Semana – Segunda-Feira – T. C.

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Mt 5, 1-12

Felizes os pobres em espírito…”.

 

Meditando o hodierno evangelho, notamos que nove vezes o Senhor pronuncia a palavra “felizes” (bem-aventurados). Palavras paradoxais que chocam com as regras sociais atuais e com o senso comum da vida. E Jesus nos ensina tais palavras e convida-nos a vivê-las para sermos felizes.

Aí, a felicidade, que é verdadeira, não consiste na pobreza, no choro, na fome e sede, na perseguição, etc., todos, aspetos da vida que, infelizmente, infernizam o homem e tira a sua dignidade.  Não! A tal felicidade consiste, sim, na total confiança em Deus, no abandono completo às suas mãos, experimentando assim a sua presença nas nossas vidas.

Urge aceitarmos a nossa história, ela faz parte de nós. Mesmo com as suas fraquezas e com os seus sofrimentos físicos e morais, estamos convictos e confiantes que esta mesma história é relativa quanto ao olhar amoroso e benevolente de Deus que, não obstante permitindo isso, quer o nosso bem e nos leva a um futuro de alegria e paz.

A propósito, Claude Geffré, teólogo dominicano francês (1926-2017), dizia: “Vós que chorais, que sofreis, que tendes fome e sede de algo diferente e novo, a boa nova do Evangelho é que a felicidade já está à vossa porta, se compreenderdes que o dom atual do amor de Deus é maior que a vossa dor e a vossa insatisfação”.

Não se trata de nos sentirmos bem do ponto de vista humano, mas de nos deixarmos guiar pela presença de Deus, de não nos sentirmos deprimidos em dificuldades, mas de valorizá-las como uma possibilidade de bem, de purificação, de desejar um mundo novo, de sermos compreensivos e humildes, de implementar a justiça na vida, de sermos misericordiosos e perdoarmos aqueles que cometem erros.

Pois, ao promover o bem material e espiritual, o cristão participa da missão de Jesus, qual modelo vivo e sublime para toda a bem-aventurança. Ademais, “Deus nos conforta em todas as tribulações, para podermos consolar aqueles que estão atribulados” (2Cor 1,4). E agindo de forma contrária, como seguidores de Cristo, nos identificamos como mentirosos (cf. 1Jo 4,20).

Saibais disto, caríssimos: as bem-aventuranças do Reino, que são a verdadeira felicidade, resumem a perfeição cristã e descrevem o retrato do discípulo de Jesus. Ainda mais, elas “são uma espécie de autorretrato de Cristo e, precisamente por isso, constituem convites ao Seu seguimento e à comunhão de vida com Ele” (João Paulo II, Veritatis splendor, 16).

Que o Senhor abra os nossos corações para entendermos a nova lei expressa nas bem-aventuranças e nos ajude a concretiza-la na nossa vida quotidiana

Boa meditação e bom início da Semana, caríssimos. JB