Mt 5, 20-26
“… todo aquele que tratar seu irmão com raiva deverá responder no tribunal”.
Os escribas e fariseus eram líderes e guias do povo e fervorosos observadores da Lei dada por Deus a Moisés. E a esse respeito, Jesus não tem nada a dizer. Porém, o que Lhe preocupa é a constatação de que, neles, estava oculto um mal – a raiz de outro mal: a falta de amor. Diria São Paulo, “um véu cobre o coração deles, enquanto não se converterem ao Senhor, o tal véu não lhes não sairá” (2Cor 3,15-16).
Portanto, Jesus faz um verdadeiro salto de qualidade: passa da Lei à pessoa, da exterioridade à interioridade, da justiça humana (‘suum cuique tribuere‘, dar a cada um o que lhe é devido) àquela que está enraizada no mandamento do amor a Deus que se exprime no amor ao próximo (‘suum cuique indigere‘, dar cada um o que ele necessita).
Jesus faz um retorno à moral do coração, laboratório no qual o homem toma decisões. Só quem cuida do coração cura a vida. Eis aqui algumas passagens: “… foi dito aos antigos: ‘não matarás”; “Eu, porém, digo-vos: todo aquele que se irar contra…”, ou seja, quem se alimenta de vingança e rancor já é um homicida.
Ele remonta ao que gera a morte ou a vida, e que depois João, na sua 1.ª Carta, afirma: “todo aquele que odeia o seu irmão é um homicida” (1Jo 3, 15), isto é, quem não ama mata. Portanto, não amar é tirar a vida.
O Senhor vai mais além: “quem disser ao seu irmão ‘imbecil’… ‘louco’ será submetido…”. Não basta não matar, existe também um fazer mal com a palavra, com a ofensa, com a difamação do outro, que Deus condena da mesma forma … Afinal, a ‘palavra’ mata.
Ai daqueles que acreditam ser o centro do universo e fazem dos outros seus objetos e comparsas. Dizia S. Agostinho, “não digas ‘sou justo’ quando não o és! Assim começaras a dizer a verdade”. Pois, não basta sentir-se “bem” com o irmão; urge ter a certeza de que ele não “tenha alguma coisa contra ti”. E se sim, “deixa lá a tua oferta diante do altar, vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão”.
Caríssimos, se compreendermos a necessidade de deixar de lado as mesquinhices e os rancores, e amar de todo o coração, o Juiz nos concederá a vida eterna. Pois, são pedidos exigentes, mas amor a Deus se efetiva no amor fraterno, portanto, muito importante pra Jesus, que escolheu a morte mais infame por isso.
Que o Senhor nos dê a coragem de fazer o bem sem limite; e faça com que a nossa justiça esteja no exercício constante da “poda” em nós de pensamentos e atitudes não impregnados de amor.
Boa meditação, caríssimos. JB