Jo 19, 31-37
“… um dos soldados trespassou-Lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.”
A Solenidade do Sagrado Coração de Jesus revela-nos que no centro da vida e da fé cristã está o amor incondicional e total de Deus revelado na cruz de Cristo: um amor misterioso que enfrenta a morte para salvar o homem.
São João Evangelista, certamente, testemunha da cena, escreveu o que deve ter vivido: “trespassou-Lhe o lado … e logo saiu sangue e água”. Deste gesto, dirá São Boaventura (séc. XIII): “este é o preço da nossa salvação, saído daquela divina fonte, isto é, do íntimo do seu Coração, para dar aos sacramentos da Igreja o poder de conferir a vida da graça e se tornar para aqueles que vivem em Cristo uma fonte de água viva que jorra para a vida eterna”.
“Trespassou-Lhe o lado … e logo saiu sangue e água”. No gesto daquele anónimo soldado, portanto, o sacrifício de Jesus se resume: no sangue e na água vemos simbolizados e admiravelmente expressos os sacramentos fundamentais para a nossa vida cristã: Baptismo (água viva que nos purifica) e Eucaristia (pão e o vinho que nos alimentam).
A festa hodierna do Coração de Cristo não queria recordar senão isto: é tão capaz de amar a ponto de Se entregar à morte para redimir a nossa vida. Daí que a nova vida do cristão nasce deste próprio Coração de Jesus, um coração onde “a profundidade do amor ultrapassa todo o conhecimento” (Ef 3,19), reconciliando-nos com o Pai e fazendo-nos ser irmãos e irmãs entre nós.
Um amor, portanto, ligado à memória da sua paixão e morte, da qual irradia força e graças, um amor que continua de maneira sublime nos santos e mártires (e em muitos de nós ainda hoje!).
Sendo assim, mostremos a Deus a nossa imensa gratidão, retribuindo aquele amor que nos faz mergulhar no esplendor da sua santidade e resplandecer na caridade para com o próximo.
Que o Senhor nos conceda que, ao celebrar a solenidade do Coração do seu amado Filho, recordemos com alegria as maravilhas do seu amor e mereçamos receber desta fonte divina a abundância dos seus dons.
Boa meditação, caríssimos. JB