Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

11º Domingo do Tempo Comum – Ano B

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S. António de Lisboa, Presbítero e Doutor da Igreja (séc. XII-XIII)

Ez 17, 22-24; 2 Cor 5, 6-10; Mc 4, 26-34

A menor de todas as sementes torna-se a maior de todas as plantas da horta

 

Paradoxo! Jesus nos fala por meio de parábolas.  Ele deseja que os seus preciosos ensinamentos sejam impressos na mente e no coração dos ouvintes de todos os tempos, por meio de imagens e exemplos tirados da vida quotidiana.

Com a imagem da semente crescendo sozinha e o grão de mostarda, a menor de todas as sementes, Ele quer dissipar para sempre das nossas mentes a tentação de imaginar e acreditar que o Senhor Deus, todo-poderoso, deve aparecer com manifestações grandiosas e espetaculares ou que podemos nos garantir a vida eterna por conta própria.

Longe disso!  Hoje Jesus nos fala do Reino de Deus como uma semente que cresce lentamente;  como algo que escapa até às medidas humanas, subtraindo a lógica da eficiência e da visibilidade que muitas vezes condicionam o nosso gritante frenesim, enquanto o Reino é guiado pelo próprio pensamento de Deus.

Dorme e levanta-se, noite e dia, enquanto a semente germina e cresce”: o poder de Deus se manifesta na hora do impossível, do aniquilamento, como o ramo novo da 1ª leitura, que plantado no alto de uma montanha, superando toda a esperança de fertilidade, surpreendentemente, “dará frutos e tornar-se-á um cedro majestoso”, plena de vida.  Pois “… Eu sou o Senhor; humilho a árvore elevada e elevo a árvore modesta…”.

Não é em vão que, no que diz respeito ao orgulho humano, a humildade é um dos ensinamentos que aparecem com maior insistência no Evangelho e em toda a Escritura. Basta, olharmos o Magnificat: “… olhou para a humildade de sua serva…, dispersou os que tem planos orgulhosos…, derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes” (Lc 1,48.51-52), etc.

Pelo orgulho, em Adão e Eva, pecamos pela primeira vez e por esse mesmo vício ainda pecamos.  E o Evangelho diz-nos que a força divina provém precisamente da humildade, porque esta está indissoluvelmente ligada ao amor.  A força de Deus, de fato, se manifesta plenamente na fraqueza”, dirá Paulo (2 Cor 12,9).

Assim, o que parece pequenino e fraco aos nossos olhos encerra a própria imensidão de Deus a ponto de nos convencer de que da morte da semente brotam realmente os frutos mais fecundos e perenes – “trigo maduro na espiga”.  E na fé, sabemos que é da morte de Cristo que flui o triunfo do amor, a derrota definitiva do mal e da Sua e a nossa ressurreição.

Com a divina sapiência, o Senhor quer que saibamos que nos acontecimentos da nossa existência humana, mesmo “habitando neste corpo, exilado d’Ele” – como diz Paulo na 2ª leitura -, ou diante de qualquer experiência dolorosa, nunca devemos desanimar ou perder a esperança. Pois, silenciosamente, mas sempre com preocupação amorosa, o Senhor atua na nossa história, e mesmo depois dos caminhos tortuosos ou turbulentos, se confiarmos n’Ele, Ele nos leva de volta ao caminho da salvação.

É uma grande lição de confiança, esperança e coragem em Deus que nos dá hoje esta liturgia dominical.  Portanto, resta-nos apenas abandonar-nos ao seu mistério, mesmo que não saibamos quando, ou como, ou onde, mas em alguma encruzilhada da história Ele vai levar a termo a sua obra.  E por isso podemos concordar com Blaise Pascal que dizia: “Se Deus se manifestasse continuamente ao homem, não haveria mérito algum em acreditar n’Ele”.

Nossa vida de fé é o plantio da semente no solo de Deus, e depois de termos feito a nossa parte, não podemos mais fazer nada além de confiar e esperar.  Por isso, na vida do cristão não deve haver espaço para o desânimo, medo, tristeza e mais: Cristo Jesus nos acompanha, nos apóia, nos guia, dá preciosos frutos à nossa vida.  Entremos na lógica de Deus que faz milagres com os pequeninos e humildes: “… olhou para a humildade de sua serva …” (Lc 1,48).

Boa meditação e “bón djàgingù da tudu nancê”. JB