Mt 5, 43-48
“Amai os vossos inimigos…”.
Os inimigos sempre existiram, e isto, Jesus nos confirma. Pois, o mundo não é o paraíso. Existe o mal, que serpenteia por toda parte e todos nós o experimentamos.
No entanto, Ele diz: “amai os vossos inimigos”. “Amai” com amor “oblativo”, isto é, daqueles que querem o bem do outro sem uma retribuição gratificante. E tudo isso porque Deus não tem inimigos, apenas filhos. Pois, se eu não amar o outro, que é meu inimigo, eu não amo Deus, que é o Pai de nós os dois.
A gratuidade do amor é revelada no inimigo, e Deus revelou seu amor para nós, porque quando ainda éramos pecadores, Ele deu a sua vida por nós (cf. Rm 5,8).
“Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem” não é aceitar toda injustiça, toda forma de desrespeito como boa, mas é sim distinguir a ação injusta e desrespeitosa daqueles que a praticam e cultivar misericórdia pelas tais pessoas, mesmo condenando e denunciando as suas injustas ações.
São Serafim de Sarov (monge cristão e místico russo, XVIII-XIX) dizia: “nunca devemos nos vingar de uma ofensa, seja lá o que for, pelo contrário, devemos perdoar de todo o coração àqueles que nos ofenderam, mesmo que o nosso coração, a isto, se opõe. Deus nos pede inimizade apenas com a serpente que desde o princípio induziu o homem à tentação e o expulsou do paraíso”. Então, Deus não exclui ninguém. Ele não observa uma pessoa segundo as suas ações, mas em virtude do amor que derrama sobre ela.
Disse o Papa Francisco: “Amar os nossos inimigos parece impossível, é coisa de “tolos”, nos assusta, mas Jesus nos pede, pede que abandonemos a astúcia do mundo e o façamos. Certo, não com as nossas forças, mas com a sua graça, tudo se torna possível” (Meditação matutina, Capela Santa Marta, 11.09.14).
Ademais, amar o amigo, amável, só revela normalidade. Enquanto que amar o inimigo, o não amável, revela algo de extraordinário e a gratuidade de Deus, um amor de “outra origem” e desmedido. Todavia, “que coisa é o homem, para dele te lembrares, que é o ser humano, para o visitares?” (Sl 8,5). Tenho muito mais o que é não amável do que amável para que Deus possa me amar. De fato, sou pecador, sou imperfeito, sou frágil e pobre, mas sou filho d’Ele, irmão do inimigo, que é também o seu filho.
Por isso, peçamos ao Senhor que nos dê a graça de perdoar até que a medida transborde, realizando atos de bondade para com aqueles que nos machucaram. Semeamos a bondade e o Senhor nos fará colher feixes de paz por nós e por aqueles com quem nos preocupamos.
Boa reflexão, caríssimos. JB