Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

12ª Semana – Terça-feira – T.C.

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Mt 7, 6.12-14

 “Tudo quanto desejais que os outros vos façam, fazei-o, vós também, a eles… entrai pela porta estreita”.

 

O evangelho hodierno nos faz relembrar “a regra de ouro” presente em todas as religiões, isto é, “fazer aos outros o que gostarias que fosse feito a ti e não fazer aos outros o que não gostarias que fosse feito a ti”. Olhar para o outro como uma extensão de nós, portanto sentir as suas necessidades como se fossem nossas.

Deus sabe que cada um de nós (quer tenhamos consciência disso ou não) quer ser amado e amar. E precisamente essa “exigência” fundamental do homem se eleva a dignidade da Lei: a mais importante e absoluta.

Contudo, ciente das nossas dificuldades em implementar a mesma “regra de ouro”, e não querendo a nossa perdição, o Senhor acrescenta: “Entrai pela porta estreita, … e apertado o caminho que leva à vida…!”. E esta porta, qual “regra de ouro”, é mesmo para as crianças, pois está a medida delas: entram facilmente porque são pequeninas (simples, humildes, puras) e, certo, não a atravessam, levando consigo volumosas complicações da vida. Em outras palavras, a nós adultos, “se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, não entrareis” (Mt 18,3).

Caríssimos, devemos abandonar a lógica mundana da acumulação, da ganância. Nos é solicitada a leveza e pureza interior. A mensagem dada aos discípulos é clara: não se entra no Reino por mérito ou escala hierárquica, mas apenas porque se é pequeno, humilde, olhando para o outro como nós mesmos, identificando-nos nas e com as suas necessidades.

Muitas vezes, nem notamos que caminhamos ao lado dos Santos (muitos dos nossos irmãos e irmãs), a partir do momento que vivem na humildade e discretamente aderem ao Evangelho, identificando-se no próximo, qual imagem e semelhança de Deus.

Saibais disto, caríssimos: se de facto me esmero em comportar-me com os outros como gostaria que eles se comportassem comigo, urge em mim o dever de abrir o espaço de paz, de luz e um sopro de vida real e boa, distante de qualquer “legalismo” e “formalismo”. Assim, a Lei de Deus responde à dignidade do homem e permite que ele se realize numa realidade de paz e bem: para si e para os outros.

Sendo assim, aqui está uma coisa que é decisiva: não basta sermos crentes, é necessário sermos também credíveis. Não basta sermos mestres, é necessário sermos testemunhas, pois, como disse o Paolo VI, “o homem contemporâneo escuta mais de bom grado as testemunhas do que os mestres, ou se ele escuta o mestre, o faz porque são também testemunhas” (Discurso durante a Audiência concedida aos Membros do Pontifício Conselho para os Leigos, 02.10.74). Portanto, a medida da fé é a coerência de vida.

Que o Senhor, vendo a nossa pobreza, limite, fragilidade e fraqueza, faça que respondamos as nossas necessidades à luz do seu Evangelho, que nos comprometamos a realizar o nosso bem, procurando igualmente o mesmo para os outros.

Boa meditação, caríssimos! JB