Mt 7, 15-20
“Pelos frutos os conhecereis”.
Jesus nos adverte contra aqueles que se proclamam profetas e são traídos pelas suas obras – “acautelai-vos dos falsos profetas”.
Sendo assim, ao analisarmos o contexto desta mesma afirmação, veremos que os falsos profetas não são aqueles que dizem coisas erradas, mas aqueles que não fazem o que dizem, ou seja, a sua ação não manifesta a realidade em que dizem acreditar.
Segundo a mens de São Paulo VI, eu diria que eles são apenas mestres ou professores, mas não testemunhas (cf. Paulo VI, Discurso durante a Audiência concedida aos Membros do Pontifício Conselho para os Leigos, 02.10.1974).
E certamente, se eles vivem na contradição entre o que dizem e o que vivem, não são mais verdadeiros profetas do Senhor: na verdade as suas obras não derivam da Palavra de Deus, mas do seu egoísmo, das suas paixões e ganância.
Como reconhecer os verdadeiros profetas? “Pelos frutos os conhecereis”. É necessária muita luz interior. Pois, não é suficiente que eles prometam curas e riqueza, nem se gabem do conhecimento da fé. Existem tantos charlatões por ai…
Portanto, caríssimos, o perigo real não é dizer coisas erradas, afinal o Evangelho é bastante claro. O problema é fazer, viver o que dizemos. A esse respeito, São Bernardo, inspirando-se na Epístola de São Tiago – “mostra-me a tua fé sem as ações, que eu te mostrarei a minha fé a partir de minhas ações” (Tg 2,18) -, dizia: “a fé, mesmo que seja autêntica, não é suficiente para fazer um santo, um homem justo, se ele não operar no amor”.
O falso profeta vive a inconsistência entre o dizer e o fazer e, infelizmente, faz dessa sua inconsistência um ‘modus vivendi’, ao invés de ser um lugar de conversão.
Essa inconsistência, porém, muitas vezes se manifesta em nós também – um exame de consciência -, faz parte da nossa vida. Então, o que fazer? É necessária muita vigilância. Ademais, nós, como Igreja, somos chamados a ser o reflexo transparente e a presença viva da face fiel do Senhor.
Por isso, para ser um verdadeiro profeta, é urgente que, antes de chamar os outros à conversão, chamemos a nós mesmos. Do contrário, pelos nossos frutos, outros reconhecerão quem somos e ficaremos desacreditados.
Que o Senhor nos dê a vontade de sermos sempre sinceros nas nossas palavras e ações, para que possamos ser seus verdadeiros imitadores e discípulos.
Boa meditação, caríssimos. JB