[É o único santo, com a Virgem Maria, de quem a Liturgia celebra o nascimento. Isso deve-se, certamente, à missão única que, na História da Salvação, foi confiada a este homem, santificado no seio de sua mãe pela presença do Salvador que, mais tarde, dele fará um belo elogio (cf. Mt 11,11; Lc 7,28)].
Is 49,1-6; Atos 13,22-26; Lc 1,57-66.80
“… pediu uma tábua e escreveu: ‘o seu nome é João’”
Derivando do latim “Iohannes” e “Ioannes”, que veio do grego antigo Ἰωάννης, que, por sua vez, veio do hebraico antigo יוחנן, etimologicamente João significa Deus que concede dom, Deus misericordioso, Deus bondoso. Em João, Deus nos predispõe ao dom do Messias Salvador: por toda a sua vida, João se dedicará a preparar para nós a vinda do Senhor.
E o livro dos Atos dos Apóstolos nos atesta isto: “João preparou a sua vinda, anunciando um batismo de conversão a todo o povo de Israel”! E não apenas isso, São Paulo vai além, de maneira perentória, relatando que João afirma a absoluta superioridade do Messias: “Eu não sou aquele que pensais; mas vem depois de mim aquele do qual não sou digno de desatar as sandálias”.
João é apenas testemunha, e não reivindica nada para si mesmo, é apenas um dedo apontado para o Messias. Ele indicou-O presente e depois se retirou e desapareceu no extremo testemunho do martírio.
Ainda hoje, João é para nós um indicador apontado além, para Aquele que veio, vem e virá, Aquele que “é o mesmo, ontem, hoje e sempre” (Hb 13,8). João é o precursor, como disse S. Pedro Damião: “o amigo que devia nascer antes do noivo, o servo antes do seu senhor, a voz antes da Palavra, a tocha antes do sol, o mensageiro antes do juiz, o redimido antes do Redentor” (Homilia 24). Portanto, é o precursor de Cristo com o seu nascimento, a sua pregação, o seu batismo e a sua morte.
“Quem virá a ser este menino?” Grande pergunta a ser repetida, com veneração, diante do mistério de cada berço. De fato, existem culturas nas quais o nascimento de uma criança é acolhido com lágrimas e preocupação, porque não se sabe o que trouxe consigo ao mundo, qual será a sua vocação, a sua missão.
E a criança João, chamada pelo Senhor desde o ventre materno (cf. Is 49,1), é o modelo do cristão, de todos nós. O batismo nos colocou como testemunhas da luz entre os povos, entre os não-cristãos. E celebrar o nascimento do João Batista é para nós, hoje, também uma razão para revisar o que somos, dizemos e fazemos.
É um convite para que conheçamos Cristo, Sol que nos vem visitar na Eucaristia, e dêmos testemunho d’Ele, com o ardor, o desinteresse e a generosidade de João Baptista. Que ele, cuja tarefa foi a de dirigir os corações a Cristo, nos ajude; que a sua intercessão nos conduza pelos caminhos da conversão.
Boa meditação, caríssimos. JB