Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

13ª Semana – Segunda-feira – T.C.

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Ireneu, Bispo e Mártire (séc. II).

Mt 8, 18-22

“… deu ordem de passar à outra margem do lago”.

 

Hoje somos convidados, por Jesus, a ir à outra margem – “deu ordem de passar à outra margem do lago” –, a sair do status quo, a andar, a viajar, entre luzes e sombras, noites estreladas e tempestuosas, até chegarmos ao desejado porto (cf. Sl 107,29-30).  Ademais, toda a nossa vida é uma viagem, estamos em caminho…, peregrinos.

 Para irmos à outra margem junto com o Senhor, porém, devemos ter a coragem de nos libertar da visão de uma fé que se torna um refúgio, uma “fuga mundi”, uma fuga deste mundo violento e mau.

 Diz o escriba com entusiasmo: “Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores”!  Em vez disso, Jesus, como o mais pobre, o último dos homens, responde: “As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça”.  Eis aqui uma das exigências requeridas a quem O quer seguir, a exigência da fé: é preciso libertar-se de todo bem terreno para seguir Jesus, tornando-se soberanamente livre.

 Ele precisa de pessoas que, como Ele, não tenham onde reclinar a cabeça, que saibam ousar além, superar simpatias e parentelas, a lógica de se sentir bem no grupo de pares, grupo de semelhantes, grupo de conterrâneos, para construir uma forma elevada e diferente de ser humanidade.  Em suma, Ele quer pessoas que vivam no mundo, mas que saibam que não são do mundo (cf. Jo 17, 14).

 E quando Ele responde de forma afirmativa e perentória “segue-me e deixa os mortos enterrar os seus mortos”, isso não significa que não tenhamos piedade dos mortos ou que devemos deixar de ter pena dos mortos; mas sim, reafirmar a importância de segui-Lo, ao ponto de transgredirmos as realidades e até os deveres importantes. Em outras palavras, Ele está sublinhando a primazia de Deus nas nossas vidas.

 Portanto, para irmos para a outra margem devemos também deixar de criar raízes onde quer que estejamos, deixar o nosso clã, os laços familiares muito fortes (“o meu irmão…”, “o meu pai…”, “a minha irmã…”, “a minha mãe…”, etc.) que só são bons se forem colocados em segundo lugar, isto é, primeiro Deus. Caríssimos, Jesus quer discípulos adultos, maduros, verdadeiros e livres.

Boa meditação e bom início da Semana, caríssimos. JB