Atos 12,1-11; 2Tim 4,6-8.17-18; Mt 16, 13-19
“Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?”
Hoje a Igreja celebra Pedro de Betsaida e Paulo de Tarso, duas personalidades muito diferentes, mas idênticas na força de uma fé amorosa e ardente, com a qual eles se entregaram a Cristo Jesus e, assim, se tornaram alicerces da sua Igreja. Portanto, celebrá-los é um testemunho de fé na Igreja “una, santa, católica, apostólica”.
Quanto ao Pedro, Jesus, ao afirmar “Simão, filho de Jonas, … tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja”, lhe confere a missão de preservar a fé, garantindo que a mesma seja oferecida na sua integridade à humanidade de todos os séculos e latitudes.
Mas, a escolha recai sobre ele não porque é o mais inteligente, pois, como diz o Senhor, “não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim meu Pai que está no Céu”. De fato, tendo se convertido ao Ressuscitado talvez por último, após a humilhante experiência de negação, Pedro, impulsivo e determinado, transformou-se em testemunha corajosa e humilde de Jesus.
O pescador não seria o melhor entre os discípulos, mas o mais autêntico, capaz de chorar pelos seus erros. Seu choro o tornou amável e próximo das fragilidades humanas, como dizia Santo Agostinho, “soltou por amor o que havia ligado pelo temor” (Sermão 295,). Quando Jesus bate o nosso coração, caríssimos, tudo muda!
Até Paolo experimentou isto. De facto, após o chamamento de Jesus, de Saul, judeu convicto e soberbo que era, se converteu em Paulo (cf. At 13,13), isto é “pequeno”. Tudo porque diz ele, “fui crucificado com Cristo, eu vivo, mas não eu: é Cristo vive que em mim” (Gal 2,19b-20). E toda a comunidade primitiva ficou a saber o seguinte: “aquele que outrora nos perseguia agora anuncia a fé que então combatia” (Gal 1,23).
E assim Paulo se torna o Apóstolo dos Gentios, um precioso instrumento de evangelização além de Israel, fundando a Igreja fora dos limites da primeira aliança e representando o imenso povo pagão, pronto a dar luz ao que existe de melhor todas as culturas.
É de salientar que a evangelização destas duas colunas da Igreja apoia-se, não sobre uma mensagem intelectual, mas sobre uma praxis profunda, sofrida e testemunhada com a palavra de Jesus. O lugar de Pedro e dos seus sucessores não é um cargo honorífico ou uma recompensa de méritos. É um serviço, o serviço de apascentar as ovelhas do Senhor: “Apascenta as minhas ovelhas”, disse Jesus (Jo 21, 15ss).
Com o encargo de dar testemunho d´Ele, como podemos ver no evangelho hodierno, Jesus confiou a Pedro a sua própria missão de Servo e Pastor. Testemunha de Cristo, pastor e servo dos crentes são prerrogativas que, de Cristo, passaram a Pedro e, de Pedro, aos seus sucessores, os bispos de Roma.
Além disso, vendo com olhos desencantados a história de Pedro e Paulo, estes são os últimos elos de uma corrente que nos liga a Jesus, testemunhas privilegiadas que o próprio Deus coloca diante de nós, como um modelo da novidade que sua Palavra trouxe. E é próprio de Deus. Disto, nos confirma mesmo Paulo quando diz: “o que para mundo é loucura, fraqueza, ignóbil, desprezado e nada, Deus o escolheu para envergonhar os sábios, os fortes, para mostrar a nulidade dos que são alguma coisas, assim ninguém poderá gloriar-se diante de Deus” (1 Cor 1, 27-29).
Portanto, no amor aceite e correspondido, a fragilidade se transforma em força, infidelidade em fidelidade, medo e covardia em coragem e franqueza, e a soberba ou arrogância da miséria humana em humildade.
Santos Pedro e Paulo, rogai por nós.
Boa meditação, caríssimos. JB