Mt 9,1-8
“… que é mais fácil: dizer: ‘Os teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te e anda’?”
Estas palavras e gestos de Jesus são eloquentes: “que é mais fácil: dizer: ‘Os teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te e anda’?” Portanto, diria eu, seria mais fácil restituir a saúde espiritual ou física? Curar a alma ou o corpo? E quem pode fazer isso?
Jesus nos surpreende, usando a cura do espírito – “filho, teus pecados estão perdoados!” – para curar o corpo. Perdoando os pecados, dando saúde espiritual, Ele proclama que a misericórdia de Deus é mais forte que a miséria do homem (cf. Santo Agostinho).
“Remissão” dos pecados, neste caso, é afastar de si as falhas, os erros do passado que pesam e paralisam o homem. Pois, o pecado, o não amor, é o que impede o crescimento e o amadurecimento das pessoas. O pecado destrói a vida, enquanto o perdão a prepara para o crescimento, a concede segunda chance, a faz ressuscitar.
“Levanta-te”, “ressuscita”, é o mesmo verbo usado para a ressurreição de Jesus. O perdão, porém exige uma mudança: “levanta-te e anda”, agora já sabes para onde ir.
O pecado pode causar paralisia da alma, que é mais profunda do que a paralisia do corpo. “Levanta-te”, se perseverarmos no erro, nos bloqueamos e desaprendemos a amar, caindo no “desamor“.
Caríssimos, as pessoas devem ter a oportunidade de se reconstruir “por dentro”. Elas têm direito de reconhecer o seu pecado, a sua falta e, então, sentir a sua humanidade redimida, transformada, curada, livre e indipendente.
E se não podermos fazer isso acontecer por conta própria, melhor ainda se tivermos amigos dispostos a nos ajudar e nos levar a Jesus, para sermos perdoados e retomar novamente o caminho da fé. Pois, “o Filho do homem tem na terra o poder de perdoar os pecados”.
A graça de Deus é o seu amor, sua presença ativa na vida, nos pensamentos, no nosso corpo. A presença de Deus é transmitida com os sacramentos, com a sua Palavra anunciada, com a partilha amorosa daqueles que emprestam os olhos, os ouvidos, as mãos e os pés ao próprio Cristo.
A propósito diz um anónimo Autor do XIV século na sua poesia-oração:
“Cristo não tem mãos: Tem só as nossas mãos Para fazer o Seu trabalho hoje.
Cristo não tem pés: Tem só os nossos pés Para guiar os Homens nos Seus caminhos.
Cristo não tem lábios: Tem só os nossos lábios Para falar aos Homens de hoje.
Cristo não tem meios: Tem só a nossa ajuda Para conduzir os Homens para Si.
Nós somos a verdadeira Bíblia Que as pessoas ainda lêem!
Somos a última mensagem de Deus, Escrita em obras e palavras”.
Que o Senhor faça com que a nossa acção não seja nunca motivo de condenação para os outros, mas sim de misericórdia em Seu nome.
Boa meditação, caríssimos. JB