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Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

13ª Semana – Sábado – T.C.

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Festa de São Tomé, Apóstolo [Pelo antigo calendário eclesiástico que vigeu até 1925, a festa de São Tomé se comemorava a 21 de dezembro. Nesta mesma data, em 1470, os navegadores portugueses João de Santarém e Pêro Escobar avistaram e  batizaram a nossa ilha com o nome de São Tomé, sendo mais tarde, em 17 de Janeiro de 1471, encontraram a Ilha irmã, batizando-a de “Santo Antão” (por ser este o Santo do dia), qual nome que viera ser mudado depois para “Ilha do Príncipe” por Sua Majestade El-Rei D. Afonso V ter dado ao Príncipe Herdeiro (mais tarde D. João II ) os rendimentos da mesma. Mas para a Ilha, mesmo tendo a nova data – 3 de julho -, ficou para a comemoração do Santo Patrono a data de 21 de dezembro.]

 

Jo 20, 24-29

Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!


Santo Tomé é um apóstolo obediente, mas se torna hesitante e incrédulo seguidor quando afirma o seguinte: “se eu não vir a marca…, se eu não puser o dedo…, se eu não puser a mão…, não acreditarei”.

Oito dias depois, Jesus volta e os discípulos encontravam-se reunidos, e Tomé também estava com eles. Jesus não faz perguntas. Diz apenas: “põe aqui o teu dedo…, vê…; aproxima a tua mão… e mete-a…, e não sejas incrédulo, mas crente”.  Se Tomé não acredita, como faz a compreender; se não tem fé, como pode usar a razão? Pois, ai se ele soubesse, como dizia Blaise Pascal, que “o coração tem razões que a própria razão desconhece” (Pensamento 277).

Interessante! Tomé quer entender para acreditar, porque não aceita o testemunho dos seus condiscípulos, pois ele anseia um encontro com Ressuscitado; e enquanto não O encontrar, desiludido, não se importa com quem lhe quer contar. E aqui nós, homens de hoje, com Tomé, muito nos identificamos: em vez da fé, queremos a razão da fé, mesmo que tenhamos belos testemunhos dos santos, agimos de forma pedante e escrupulosa nas verificações e inspeções.

Mas, como disse São Gregório, “aquele discípulo, com suas dúvidas, enquanto em seu Mestre tocou as feridas do corpo, curou as feridas da descrença em nós” (Homilias sobre os Evangelhos26, 7-9). E, portanto, o Mestre respeita a nossa fraqueza, o nosso esforço e as nossas dúvidas; respeita os tempos de cada um e as complexidades da vida. Ele não se escandaliza, nem se impõe, mas se propõe; Ele não se retira, mas se expõe às mãos de Tomé. É o estilo d’Ele, é Ele, sempre volta para os incrédulos, até para mim.

E Jesus mostra as feridas e diz: “Tomé, sei que sofreste. Também Eu e muito por ti”. O discípulo incrédulo quase ia desmaiando: “Meu Senhor e meu Deus”. Meu como a respiração, sem a qual, eu não viveria. Meu como o coração, sem o qual, eu já era. Jesus disse-lhe: “Porque me viste, acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto!”. Quão proveitosa foi para a nossa fé a incredulidade de Tomé do que a fé dos discípulos que não duvidaram…!

Saibais disto, caríssimos: a ressurreição não fechou os orifícios das unhas, não curou as feridas. Porque a morte na cruz não é um simples acidente a ser superado: como chagas, essas feridas abertas são a glória de Deus, o ponto mais alto do amor. Nessa carne, o amor escreveu a sua história com o alfabeto de feridas, agora indeléveis como o próprio amor, amor sem fim. Que o Senhor renove a nossa fé.

Boa meditação, caríssimos. JB