Mt 9,18-26
“… filha! A tua fé te salvou”.
No evangelho hodierno, cruzam a estrada de Jesus duas dores, duas histórias de dores que dilaceram a alma e juntas tiram o fôlego. Jesus as escuta e as torna suas.
Uma menina morreu, filha de Jairo, um chefe em Cafarnaum; depois, temos uma mulher que está sangrando há doze anos, que em Israel é o número da plenitude, ou seja, imutável.
Ela pensava consigo: “Se eu ao menos Lhe tocar no manto, ficarei curada”. Jesus voltou-se e, ao vê-la, disse: “Coragem, filha! A tua fé te salvou”. Ela só quer tocar a borda do manto…! Quem não o faria?!
Uma vida de doença, um abismo de solidão e sentimentos de culpa: impura, não podia tocar ninguém sem contaminá-lo. Mais do que o Covid 19, ela vivia isolada, distanciada e condenada a não ter nenhum relacionamento. E isso por muitos anos, como dizia antes, doze!
O que fazer? Às vezes é necessário transgredir a lei para encontrar Deus…, saúde física e espiritual. Essa criatura inventa um ato de fé e coragem que tem o perfume de rebelião e, por isso, crime. E assim acontece: ao tocar a capa do Mestre, “a partir daquele momento a mulher ficou curada”.
Já não é ela que profana e contamina o Senhor, mas sim, é Ele quem a contamina e a purifica. Agora ela está curada, deixando de ser destroço de mulher, vendo restituída a sua dignidade. Assim como a menina dada como morta que Jesus ressuscita, onde a fé do pai prevaleceu sobre o ceticismo intransponível dos seus amigos.
Queridos irmãos, em Jesus, não é a morte que contagia a vida; é a vida de Jesus que contagia a morte, varrendo as suas trevas.
O Senhor cura cada coração que se abre a Ele e traz de volta à vida a criança que vive dentro de nós, mortificada por um mundo adulto cada vez mais enfadonho.
Ele nos ama. Pois, a sua glória é o homem vivente (cf. S. Ireneu). E hoje Ele quer curar todas os nossos males. No entanto, é necessário confiar n’Ele. Deixemo-nos alcançar e tocar por Ele.
Boa meditação e bom início da Semana, caríssimos. JB