Santa Maria Goretti, Virgem e Mártir (séc. XX)
Mt 9, 32-38
“A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos”.
Nesta página do Evangelho, se cruzam duas maneiras diferentes de olhar a realidade e julgar os eventos e as pessoas.
A primeira é a dos fariseus que olham para Jesus com desconfiança e, portanto, não conseguem reconhecer o bem que Ele faz, antes pelo contrário, deformam a realidade, a ponto de atribuir ao maligno as muitas curas feitas pelo Nazareno – “é pelo príncipe dos demónios que Ele expulsa os demónios”.
É o olhar de quem sempre e só vê o mal, resultante de uma tremenda cegueira espiritual diante da evidência do bem. E devemos reconhecer que muitas vezes este é o olhar com o qual também nós lemos os fatos da vida.
E daí advém o segundo olhar, o de Jesus, que se enche de compaixão ao nos ver: “ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão”. Com este verbo (ἐσπλαγχνίσθη, do grego, sentir muita compaixão), o evangelista quer sublinhar o amor visceral que Jesus tem pela humanidade.
Na verdade, Ele vê com os olhos do coração as pessoas que certamente têm muitos bons desejos, mas estão “fatigadas e abatidas, como ovelhas sem pasto”, isto é, não podem contar com autoridades religiosas de então, incapacitadas de conduzi-las nos caminhos de Deus, isto é, a essa plenitude de vida que os profetas lhes anunciaram.
Em seguida, Jesus envolve os seus discípulos e os convida a orar ao Pai celeste para que envie operários, ou seja, apóstolos dispostos a trabalhar arduamente para construir o Reino – “pedi ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara”.
Interessante não é? Diante da fraqueza e possível perdição da multidão, Jesus propõe como solução … a Igreja! A Igreja, comunidade de irmãos e irmãs que encontraram a misericórdia de Deus e se tornaram discípulos, é chamada a experimentar a mesma compaixão do Senhor, a agir para apoiar a humanidade conduzindo-a a Deus em Cristo.
Caríssimos, como cristãos, somos chamados a ser consolação, testemunhas da paternidade e zelo de Deus pelas pessoas que encontraremos, principalmente as que estão longe da fé e aqueles que ainda não conheceram Cristo.
Que grande presente recebemos, que dignidade! Podeis imaginar algo maior e mais intenso? Vivamos esta responsabilidade com imensa alegria! O primeiro passo, todavia, para renovar a história da humanidade é nos ajoelhar, porque sem Deus, sem falar com Ele e d’Ele ao próximo, todo esforço é em vão.
Boa meditação, caríssimos. JB