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Rua Pe. Martinho Pinto da Rocha São Tomé, São Tomé e Príncipe

14ª Semana – Quinta-feira – T.C.

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Mt 10, 7-15

Recebestes de graça, dai de graça. Não adquirais…

 

Ainda hoje, Mateus nos fala do envio, porém, ao proclamar que “está próximo o reino dos Céus”, ele passa ao concreto, antes de tudo, onde vivemos. A salvação não é um pacote pré-empacotado. Por isso, a ela, se chega, fazendo transparecer o evangelho nas nossas vidas; dispensemos o argumento; do evangelho, somos apenas porta-vozes, pontes para com o próximo.

Além disso, este capítulo 10, um dos cinco grandes discursos de Jesus, através dos quais Mateus estruturou o seu Evangelho, tem como objetivo a missão (basta vermos o início do capitolo, que começa com o elenco e o invio dos doze). Nele, o evangelista mostra algumas maneiras de viver a missão. A força dos discípulos nunca será combinada com os meios, as obras, a eficiência, mas sim a providência.

Daí que Jesus coloca a gratuidade no centro: “recebestes de graça, dai de graça”. Viver a gratuidade significa testemunhar que tudo é um dom, um sinal da bondade de Deus e, consequentemente, se manifesta no desapego interior e efetivo de todas as coisas – “não adquirais…” –, até a busca de gratificações que podem poluir inclusive o anúncio.

Não é em vão que, na gratuidade, existe uma lógica de restituição: o que recebemos não deve ser retido – “recebestes de graça, dai de graça. É a lógica de Deus que “amou tanto o mundo que ‘deu’ o seu Filho único” (Jo 3,16). A missão da igreja tem a sua origem na missão de Jesus, que foi enviado pelo Pai. A humildade gera espanto.

Muitas vezes, propomos a fé como se soubéssemos já tudo, como se estivéssemos já salvos, olhando para o próximo como se fosse um perdido, um desgraçado… Não, caríssimos! A expressão “no vosso caminho”, de fato, nos faz entender que, no caminho da fé, nenhum de nós é o “chegado”, mas sim estamos sempre no caminho, a fé é uma conquista quotidiana: “povo de Deus no caminho”.

E neste caminho do mundo, como crentes, para sermos credíveis, a nossa vida deve conter em si o perfume do evangelho. Mais que as palavras, a fé é transmitida pela atração, isto é, por testemunho (cf. Evangelii Gaudium 14).

Interessante! São Francisco de Assis e seus frades levaram muito a sério as palavras de Jesus: “Recebestes de graça, dai de graça. Não adquirais…”. No começo, muitos riram-se deles, mas no final tiveram mais impacto do que todos os seus adversários juntos …

Ao escutarmos essas exigências desconfortáveis ​​de Jesus, também é certo que nos é difícil hoje praticarmos esse estilo de vida. No entanto, não podemos simplesmente deixar de lado essas palavras, porque são impraticáveis.

Caríssimos, façamos este exame de consciência: nesta época, na qual somos fascinados pelo consumo, não seria hora de colocar a ênfase na “pobreza” na “humildade” e na “simplicidade” novamente? Que cada um responda a si mesmo no próprio coração.

Boa meditação, caríssimos. JB