Mt 10, 16-23
“Eu vos envio como ovelhas para o meio dos lobos …”.
O Evangelho nem sempre encontra portas e janelas abertas. Para os discípulos, como para nós hoje, o convite de Jesus se resume em não ter medo, o que se repete três vezes, tornando-se, por assim dizer, o “tecido conectivo” do próprio evangelho: “sede prudentes”, “tende cuidado com os homens”, “não vos preocupeis”.
O Senhor não quer iludir os seus discípulos. Já naquele tempo, Ele sabia que professar a fé frequentemente exigia muita coragem. Tudo porque as perseguições fazem parte da bagagem de um cristão: anunciar o evangelho também significa preparar-se para a tribulação, desde aquela subtil (marginalização, rejeição, incompreensão, etc.: era uma vez Europa, berço dos santos e santas, pois hoje a tolerância é usada com todas religiões, exceto a cristã; com a tal tolerância tudo parece legítimo em nome de uma suposta liberdade de opinião e laicização exacerbada) até à real (exclusão da vida social e às vezes até a morte: dados recentes da ONU dizem que a fé cristã hoje é a mais perseguida, onde a cada cinco minutos, um cristão sofre maus tratos).
Mas o cristão não deve temer a morte, mas sim a condenação, pois, o Senhor lhe garante: “aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo”. Ele, de antemão, sabia muito bem que não é fácil para a “ovelha” mudar a vida ao “lobo”. E tudo se torna ainda mais difícil se tais “ovelhas” se apresentarem sem “ouro”, sem “alforge”, sem “sandálias” e nem “cajado”. A única força restante neles é o amor. É uma “força fraca”, porque amor não tem armas nem arrogância; no entanto, é forte o suficiente para mover o coração dos homens. De fato, diria eu, a fé não se arma, mas sim ama.
Amar a Deus e aos homens acima de todas as coisas é, portanto, um poder concedido a nós, discípulos de Jesus. Há também “o Espírito do vosso Pai que falará em vós”, isto é, que fala por e em nosso nome nessas estradas perigosas quando anunciamos com a vida a Boa nova. Esse mesmo Espírito nos ensina a ser “prudentes como serpentes” na escolha da melhor maneira de alcançarmos o nosso propósito cristão, e ao mesmo tempo, “simples como as pombas” para nunca desistirmos do mesmo propósito.
E disso, São Pedro nos fortalece quando nos adverte o seguinte: “estai sempre prontos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que a pedir. Porém – ele acrescenta uma palavra muito importante – fazei-o com mansidão e respeito e com boa consciência” (1Pd 3,15-16).
Que o Senhor nos sustenha com o poder do seu Espírito, para que nunca tenhamos vergonha da nossa fé, mas a professemos em Seu nome com toda franqueza diante dos homens, para sermos reconhecidos por Ele no dia da sua vinda.
Boa meditação e bom fim de semana, caríssimos. JB